segunda-feira, 31 de maio de 2010

Intencionalidade - querer amar

(ou sobre transformar a própria vida)
Deixei o acaso de lado, mudei, decidi.
Segui o que sentia, fui lá e fiz o que quis...
Como era grande (muito grande) o amor que eu sentia,
extravasei, derramei, expandi...
Reagiram, responderam, aceitaram, devolveram...
E agora, transformada, todos em mim.
E agora, iluminada, eu em todos eles.
E agora, vida linda, amor, amor...


Beijos, muitos beijos,
Claudia

domingo, 30 de maio de 2010

Aos exagerados

Não quero mais nada pela metade.
Não quero 5,0 na prova,
Nem meio certo,
Nem metade do suco de laranja;
Quero excelentes e dois litros de suco só pra mim.
Não quero meio hora para mudar a sua vida,
Nem metade do tempo olhando seu sorriso;
Quero você dia e noite, em super dosagem, até enjoar.
Não quero metade da felicidade,
Satisfação pela metade,
Média mediana,
Metade do salário,
Metade da festa de sábado,
Metade do filme.
Não quero aceitar a mediocridade da metade,
Desse consolo ineficaz,
Desse conformismo entediante.
Não quero metade do sorvete,
Nem metade da pizza de domingo, quero uma crise de
Compulsão alimentar.
Não quero meio poema,
Metade do livro,
Trecho de música...
Quero uma biblioteca Alexandrina,
Um DJ particular
E um encontro com os melhores cem poetas do século.
Não quero meio frio,
Um pouquinho de sol ou mormaço.
Não quero ser míope,
Meio doida
Ou meio exagerada... quero admitir toda a insanidade que me move
E o exagero que me comanda.
Não quero entender meio certo,
Imaginar pela metade,
Querer pela metade...
Quero ser surpreendida com declarações de amor ridículas,
Beijos roubados e a realização dos meus sonhos da maneira mais insana possível.
Se for pra ter pela metade, não quero ter.
Se for pra ser pela metade, prefiro não existir.
Não sei ignorar esse desejo pelo ‘todo’...
E não vou mais calar minha vontade de ter tudo... Sempre.

Brasil, esse grande adolescente




Há um tempinho atrás, numa conversa informal com amigos, comparei nosso país e seu povo (eu me incluo é claro) a um adolescente, na ocasião percebi que alguns amigos ficaram examinando aquela analogia e o papo rendeu,tive de explicar essa minha visão e depois de pensar mais a respeito disso, resolvi escrever algumas palavras materializando este pensamento.

Cheguei a essa conclusão para fazer essa comparação observando nosso momento hoje, as reações que temos perante as novidades, as maravilhas e os perigos do mundo globalizado,quando digo um adolescente,não é no sentido pejorativo, mas num sentido de ver o país como um jovem afoito, maravilhado com as descobertas e com conquistas que para povos mais maduros seriam básicas de uma nova fase de vida, neste momento em que estamos afirmando nossa posição no mundo, é de grande importância que nós, o povo brasileiro, tenhamos mais seriedade com nossas vidas para deixarmos de ser apenas o país do samba, da mulata e do carnaval, para ocuparmos um lugar de destaque e responsabilidade no cenário mundial. Um adolescente se vê como o dono do mundo,se acha sempre certo e,na maioria das vezes não ouve a orientação necessária para trilhar um caminho mais tranqüilo.Para mim,na minha limitada visão, entendo que é assim que nos vêem lá fora,inclusive quando nos exaltam,sinto um toque de ironia. Sei que esse texto vai render, muitas pedras serão atiradas, mas o que posso fazer é defender meu ponto de vista e aprender mais com a visão dos outros, sempre deixando uma porta aberta para até mudar este pensamento se conseguirem me convencer que ele não é válido. Vivemos num lindo país, que como já citei em outro texto, num lugar “abençoado por Deus e bonito por natureza”. Estamos em um momento histórico de nossas vidas em que com a globalização, nossa nação vem crescendo e chegando mais junto das velhas e experientes raposas do capitalismo,por isso que é preciso seriedade e atenção, estamos chegando sem dúvida graças ao trabalho que vem sendo feito pelo governo que soube aproveitar o que foi feito na administração anterior e também graças aos avanços dessa gestão em muitas outras áreas, porém ainda precisamos avançar e muito principalmente no campo da ética da moral e da honestidade.

Vejo grande parte da nossa sociedade inconscientemente manipulada e até mesmo anestesiada pelos veículos de comunicação, hoje a televisão está presente em quase todo Brasil, mas, infelizmente a cultura, o saber e a consciência crítica ainda não acompanham a velocidade da tecnologia, talvez, por não ser interessante ter um povo questionador, é muito mais lucrativo um povo consumidor, que hoje pode comprar a TV de lcd para assistir a copa.

Podemos observar que esse grande adolescente, no seu ímpeto da juventude e da empolgação, ainda não dá a devida atenção a situações mais sérias, um exemplo disso são as eleições que estão chegando. Seria coincidência ser tudo(eleições e copa) no mesmo ano?Essas coincidências não param por aí, mas vamos rumando junto com a boiada, empurrando com a barriga e como bons brasileiros que somos, continuamos rindo de nossas próprias mazelas. Já nos acostumamos a assistir no congresso uma queda de braço pela manutenção do poder, as siglas em guerra, oposição versus situação e todos se esquecendo da “União”, na hora de aprovar o “ficha limpa”, o povo do rabo sujo se esquece da briga e toca a fazer emenda na lista, descaracterizando o projeto e enganando mais uma vez a sociedade que pensa que vive numa democracia. Não podemos esquecer que os rabos além de sujos, são presos... É preciso costurar alianças, fazer coalizão... Hoje, vemos figuras que outrora já foram inimigos mortais no mesmo palanque defendendo os mesmo “interesses”... Seria cômico se não fosse trágico... Nessas horas, eu queria a coerência do Dunga em nossa política.

Enquanto isso o povo vai “caminhando e cantando e seguindo a canção” no ritmo do “rebolation” e do funk, mês que vem começa a copa e nossos olhares ingênuos se voltarão mais uma vez para nossa constante busca de um herói, torço para que sejamos campeões, o povo merece um pouco de alegria, fico também na expectativa de que um dia saberemos administrar nossas alegrias contendo a euforia que na maioria das vezes atrapalha a visão, saberemos que as vitórias são conseqüências de uma luta, de um trabalho sério em que cada um pode fazer um pouquinho, pode dar a sua parcela de honestidade, empenho e seriedade para nosso país amadurecer, não adianta questionarmos nossos políticos se a cada eleição nós os colocamos novamente no poder, não adianta dizer que a polícia é corrupta se quando somos parados cometendo alguma infração preferimos o caminho da corrupção, da propina, muitas vezes sabemos o que fazer, falamos bonito e não praticamos o dever de casa e é aí é que está a chave de tudo: O bom exemplo.

É possível sim a mudança, é trabalhoso mudar um comportamento, mas é possível, depende de cada um de nós olhar para dentro de si com uma visão crítica, desarmada e disposta a enxergar o que é preciso e que muitas vezes pode ser doloroso, afinal, é muito mais fácil apontar erro nos outros do ver os nossos. Fazendo este trabalho aos poucos como dizem por aí:”devagar e sempre”,com paciência com nós mesmos,respeitando nossos limites, vamos então crescendo,nos tornando pessoas melhores,mais sábias,mais felizes,esta sabedoria é adquirida pela vivência e só o tempo da vida quem traz,o aprendizado de não errar mais é só se arrependendo do erro e sentindo a dor do que fez para não fazer de novo,é preciso consciência,é preciso limite,hoje vivemos na era do “tudo pode”,tudo é “normal”,em nossa bandeira está escrito:Ordem e progresso e vejo que é por essa ordem que podemos chegar realmente no progresso,não é pela bagunça,nem pela libertinagem,o Brasil precisa é de bons exemplos,precisa de famílias bem estruturadas que tenham moral para mostrar um caminho bom para seus filhos,formando uma geração ainda melhor.

Um dia seremos adultos, teremos mais calma com as novidades, seremos menos afoitos, saberemos observar mais e falar menos, teremos posições mais firmes e conseguiremos enxergar o que não está explícito no discurso que nos chega ,nosso crescimento será mais sólido e nossas consciências serão mais claras,até lá,vamos trabalhando,abrindo os olhos devagar,questionando,examinando e peneirando, aprendendo a descartar o descartável que hoje é tão valorizado,valorizando o caráter a ética,a moral e a família.A medida em que nos transformamos para melhor,nosso país também melhora,pois nossa nação é o nosso próprio reflexo.

sábado, 29 de maio de 2010

Depois do "the end"

Vivi para assistir o fim. É estranho quando, por um minuto, se segue além do fim. O que se sente não é vida. O que se sente é um pós-morte.

A sensação de perda de algo lateja surdamente nos porões da casa espiritual que existe em nós. Ultrapassar a linha que designa o final é adquirir uma certeza: a de que o que passou, passou. O que está acabado não se reintegra.


Sim, é um novo estágio que começou. Por mais que todas as velocidades do mundo me façam ir abandonando pedaços de recordações pelo caminho, como folhas secas das árvores de outono, o vento sempre insiste em soprá-los de volta. E essas lembranças remetem a vida de outrora. Me propiciam uma revisão de todo meu aprendizado e dos sacrifícios a que me submeti para no fim dizer que o meio estava justificado. Me fazem perceber as pontas soltas, as quais desobedecem os pontos finais. E me reforça a certeza de que ninguém pode ser dito “feliz para sempre” no final de algum começo. A felicidade existe, o sempre não.


Tudo que existiu antes do fim foi progresso. Tudo contribuiu para que eu me encontrasse. Encontrar a si mesmo é ter paz. E a paz só acontece quando realmente nos damos conta de que chegamos ao fim.

Morrer é descer de um ônibus lotado e aguardar o próximo, pacientemente, em determinado ponto. Sempre rumando para o lar... Morrer é cumprir a missão. E esse sentimento de perda... Esse vazio que pulsa... É simplesmente o que nos motivou para vida, e que já foi resolvido. Chegamos ao lar.

A ilha agradece pela vida sacrificada de cada um. Ela sempre foi um preparatório para o estágio seguinte. O sacrifício fazia parte desse preparatório.

Purgatório? Não, não. Além do mais, nada impede de vivenciarmos nossas purgações em vida. Preparar-se é fundamental; como a mariposa, em seu casulo.

“Esta luta a natureza criou para fortalecer”, disse um certo personagem chamado John. John Locke. Tudo está em seu tempo. Ao romper o casulo, a mariposa saberá que toda a espera, todo o tempo de clausura valeu a pena. O próprio Locke disse a Boone, outro personagem, que Michelangelo passou quatro meses olhando para uma pedra de mármore antes de criar uma de suas mais magníficas esculturas: David. “Pois só nesse exercício é que amadurecemos, construindo com disciplina a nossa própria imortalidade”. (Nassar, Raduan; Lavoura arcaica).

A ilha é a cura para quem a procura. E todos estavam à procura. Todos estavam perdidos.

Depois do fim... Não mais.


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A série Lost terminou no dia 23 de maio de 2010, e deixará muita saudade. Deixará esse vazio, que se sente quando se ultrapassa o fim. O fim da melhor série de todos os tempos.

Eu, como lostmaníaco que fui e sempre serei, deixo aqui esta singela homenagem, consciente de que tudo o que sempre importou em Lost foi a vida, a força da vida de cada um, e suas respectivas escolhas.

Te vejo em outra vida, brotha.

sexta-feira, 28 de maio de 2010


Olá, Autores!!!

Wells, desde hj, até o Dia dos Namorados listarei sobre o que é amoroso, afável, afetuoso, amável, amigo, benéfico, benigno, bom, caridoso, carinhoso, clemente, compassivo, complacente, condescendente, cordial, delicado, generoso, gentil, fantasiador, fantasioso, fantasista, idealista, poeta, sonhador, sonhoso, teórico, utopista, magnânimo, manso, meigo, nobre, sensível, suave, terno, teórico, utopista, ou seja, romântico!!!!!! Até porque, convenhamos, o que pode ser mais doce do que estar/ser apaixonado? Tá, ser/estar enamorado e ser correspondido! Ou, ainda, estar apaixonado e andar de mãos dadas no parque? Dividir um algodão doce com o amado (a)? Desafiar as leis da física, tentando desaparecer com o braço que (ainda!><) divide a maioria de poltronas do cinema ou escandalizar as pessoas recatadas com um lindo e lascivo beijo sob o mesmo guarda-chuva? Pois é, confesso, sou uma romântica addicted, uma freak que considera 12 de junho o dia mais importante do ano... Sei que há datas tecnicamente mais importantes, mas, sei lá, pode ser Natal, Páscoa, 20 de novembro ou o dia da revolução de Cuba, no entanto nenhum dia me (co)move mais que o Dia dos Namorados!!! Sei lá, sei que é bobo, mas prefiro soar pueril ou romântica a ser uma poser de austeridade. Acho que tudo começou quando eu era ainda bem pequena! Eu já nasci apaixonada... Coitado do Eduardo – aluno do Jardim de infância Vovô Dinorah, o sobrenome foi omitido por questões óbvias – eu tinha três (!) anos e perseguia o coitado, desenhava corações e mandava beijos pra ele quando o via no parquinho nos finais de semana. Eu nem ligava pro fato dele ser caidão pela Daiana, uma coleguinha insuportavelmente linda e loura, com seus cabelos até a cintura... Ia eu lá, com minha cara pintada ainda com mais sardas do que trago agora, dentinhos de leite tão separados quanto now e cabelos de Shirley Temple, todo trabalhado no creme de mocotó Ebony. Até hoje lembro quando no ano seguinte Tia Cátia pediu uma ilustração para o tal “Dia dos Namorados”. Desde então nunca consegui achar outra data tão significativa!!! Todos os anos eu passava todo ou parte do dia ouvindo músicas românticas, vestindo “a minha roupa de sair” em casa e me sentia feliz sem nem ter exatamente com o quê. Por tudo isso e, inspirada no post musical do meu brother Landoni listarei o que acredito ser a trilha sonora perfeita para essa data tão especial em um modesto top ten de músicas perfeitas para ouvir no dia 12.


E vcs, quais músicas elegeriam para sua trilha sonora?

10. Whitesnake – Is this Love?

http://www.youtube.com/watch?v=GOJkoHW_hJw

O que seria de um dia dos namorados de sonhos sem pelo menos uma balada rock glam?
Essa é tão linda que vc dançaria coladinho até com o Freddy Krueger!!!


9. TLC – Creep

http://www.youtube.com/watch?v=X0tNO3QFoOE&feature=related
Não consigo achar nenhuma outra onda sonora mais sexy.



8. Tori amos – A Sorta Fairytale

http://www.youtube.com/watch?v=fY5XLbD5SZI
Música linda. Clipe um tanto esquisito, mas muito romântico e significativo. Realmente é uma trilha sonora para um conto de fadas...

7. Norah Jones – Chasing Pirates
http://www.youtube.com/watch?v=uTxythHY09k


6. Atlantic Star - Always






5. Phil Collins - Can't turn back the years



http://www.youtube.com/watch?v=HsBqL4fPfnM

Música linda, ritmo tão suave que não dá pra pensar em outra coisa a não ser ficar abraçadinha, ou abraçadinho a quem a gente ama.



4. Gilberto Gil - Vamos Fugir


http://www.youtube.com/watch?v=sxmjMwmC8Us
Toda vez que escuto essa música linda não penso em coisa alguma de útil... pra humanidade...

3.Marina - Veneno

http://www.youtube.com/watch?v=ineVJYTSQAs



Essa música tem em mim um efeito LIPO + MAQUIAGEM MILAGROSA + CABELEIREIRO EXPRESS + TOTAL AUTO-ESTIMA RENOVATOR. Me sinto poderosa no ato.

2. She - Elvis Costello



http://www.youtube.com/watch?v=CiAvL2SAwyU&feature=related
A trilha sonora que embalou mais um triunfo romântico no cinema. Mas não precisamos estar em Notting Hill para saber quem é o grande amor de nossas vidas, e sabendo disso não deixar que ele se vá.






1. Never Say Goodbye - Bon Jovi
http://www.youtube.com/watch?v=ifm00JEjSeo
Never say goobye, because...





Beijocas aladas!!!!




quinta-feira, 27 de maio de 2010

Guns N' Roses e outros Bambas de Primeira



Quando nascemos, já no primeiro minuto de vida nos deparamos com a tal “primeira vez”. Aí vem o primeiro aleitamento, a primeira canção de ninar, o primeiro soninho, etc. E podemos crescer e crescer, que nada vai mudar, porque as estréias sempre farão parte de nossas vidas, nas mais diversas circunstâncias. Então, estejamos prontos para as grandes novidades! Ó (!) eu aqui, estreando em Autores S/A.

Foi inspirado pelo fato deste ser meu primeiro post, que hoje vou falar um pouco sobre a mais bem-sucedida estréia da história da música.

Lançado em 1997, Appetite for Destruction vendeu até hoje cerca de 40 milhões de cópias em todo o mundo. Eu não testemunhei o início de todo esse sucesso, porque nas rádios do Rio de Janeiro ainda não se ouvia nem meio tom de Guns N’ Roses. Welcome to the Jungle, o primeiro single da banda, foi inicialmente exibido de modo tímido pela MTV americana, porém, o suficiente para que em pouco tempo o álbum fosse catapultado ao topo da Billboard. O primeiro clipe que assisti foi o da música Paradise City. Gostei, mas sem empolgação, pois o programa de TV apresentado por Adriana Riemer não era de fazer muitos comentários sobre os músicos, ou mesmo sobre a banda. O programa chamava-se Som e Energia, e era exibido no canal 13 (Rio de Janeiro) pela extinta TV Rio. O segundo clipe ao qual assisti foi o da canção Zeppeliana, Patience, transmitido dessa vez por um programa feminino, do qual não me lembro o nome, nem possuo qualquer outra referência. Minha impressão foi a mesma de quando assisti ao primeiro, embora eu não tivesse sacado que era a mesma banda em ambos os vídeos.
-
Algum tempo depois, por volta de um ano, Sweet Child O’ Mine começou a tocar nas rádios de rock cariocas. Levei semanas para descobrir o nome da banda. Só a partir dessa descoberta pude então procurar o Lp, vinil onde estaria prensado o maior hit do momento. Um dia, por acaso, encontrei à venda num desses supermercados bem populares vários discos do Guns, porém, cópias de um único título. Ironicamente chamava-se Lies. Como eu ainda não sabia o nome da música (Sweet Child O’ Mine) e achava que a banda tinha um único disco, exatamente aquele que eu levava para o caixa, comprei o álbum, levei-o para minha casa e pus a bolacha no toca-disco. Decepção. Mas onde está aquela música? Reconheci Patience, ao lembrar do clipe que havia visto há alguns meses. Quando comprei Lies, eu nem fazia ideia de que existia o Appetite for Destruction. Até que um dia fui à Madureira comprar uns Lps, quando surpreendentemente encontrei, era o Appetite..., o primeiro disco do Guns N’ Roses. Sem hesitar fiz minha aquisição há tanto esperada. Bingo! Finamente o álbum que rádios, nem revistas, e muito menos a TV me apresentou. Eu sozinho o encontrei! Quando notei impresso no miolo do vinil o ano de produção, foi difícil acreditar: 1987! Mas estávamos em 89, quando vi o Appetite... pela primeira vez sendo vendido e de maneira tão modesta. Resumindo, nós, cariocas, levamos muito tempo para conhecer a banda de Rock mais bem-sucedida da minha geração.
(com licença, dois segundos para reverenciar os glams).
Welcome to the Jungle até chegou a tocar nas rádios do Rio de Janeiro,
mas só depois que o vídeo já havia alcançado um enorme sucesso na MTV brasileira.--
Considerando ainda o álbum de estréia da Rock Band de Axl Rose e Cia., é fácil notar que não é um disco tão original, principalmente quando se ouve bandas do peso de um Slade ou de um Nazareth; porém, músicas como Rocket Queen, Sweet Child O’ Mine e Welcome to the Jungle ainda são o melhor que o Rock produziu de 1987 até os dias de hoje.
Agora,
outras estréias que se destacam na história da música, marcantes entre outras coisas pelo enorme sucesso de vendas, isto é, pelo que renderam de felicidade à indústria fonográfica.
2002
Come Away with Me
"Norah Jones"
Gravadora: Blue Note Records
$$ milhões e milhões de cópias $$






1995
Jagged Little Pill
"Alanis Morissette"
Gravadora: Maverick
Estréia internacional
$$ milhões e milhões de cópias $$


1985Whitney Houston

"Whitney Houston"

Gravadora: Arista
$$ milhões e milhões de cópias$$





1985
Legião Urbana
"Legião Urbana"
Gravadora: EMI
$$ milhões e milhões de cópias $$

1980
Iron Maiden
"Iron Maiden"
$$ Gravadora: EMI $$

Agradeço mais uma vez ao Lohan e à Thaty Louise por minha estréia,
que espero seja bem-sucedida. Abraço a todos!!! Até quinta!!!

Bye!!!
Camillo Landoni

I.

Camillo Landoni, minha estreia em Autores S/A







Olá, internautas devidamente Autorizados S/A!!!!! É com muita satisfação que estou chegando pra bater aquele papo gostoso sobre uma das maiores fontes universais de prazer.
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Nosso encontro será às quintas-feiras, e de todo jeito: acústico, elétrico, alto, baixo, grave ou agudo, não importa, o destaque neste palco virtual (yeah!) será sempre a Música, uma das formas mais sublimes da expressão humana, e que assim como toda boa arte não prescinde da interferência da razão e do pensamento para poder se conectar a todas as nossas emoções.

Lohan, obrigadíssimo pelo convite!
E a você, brilhante Thaty Louise,
meu agradecimento especial pela confiança e carinhosa indicação.
--
Beijos e abraços,
--
Camillo Landoni

Jardim do Nego






Este jardim é muito especial. Nêgo é um ser especial. Olhando para ele, escutando sua voz , assimilando sua sabedoria tibetana, seu mutismo revelador, seu terceiro olho, temos a sensação de que ele é um SER que não pertence a este tempo e nem a esta dimensão. A paz do seu recanto, a surpresa e ao mesmo tempo a familiaridade ancestral que emanam de suas esculturas criadas e mantidas à custa de uma vida dedicada a esculpir o amor, nos surpreendem com sua energia vital. Conseguimos sentir no local, uma vibração quase que pré-histórica. Um sítio arqueológico, escavado, esculpido, sem fragmentos concretos de nenhum período neolítico; contudo, a sensação é esta. O cheiro da terra, da umidade, do musgo que cresce e brota, feito artérias, veias e líquidos que circulam dentro de um sistema invisível, onde habitam pulmões, corações, almas... Pura clorofila ... puro barro, onde antes só havia vegetação selvagem . Exatamente isso: um habitat natural de seres vivos,verdes, que necessitam de cuidados, reparos, carinho, muita paciência e muita dedicação.

Que sensibilidade habita dentro deste sábio escultor? Michelângelo do barro, restaurador dos moldes de Adão, do Jardim do Éden ou uma representação do inconsciente coletivo da esperança de que" na natureza nada se perde, tudo se cria ou se transforma"? " E do barro foi feito o homem e ao barro retornarás."

No dia em que meu corpo virar pó, quero ser recriada num jardim qualquer : como adubo, como flor, como erva medicinal, como árvore frutífera, ou quem sabe, como um barranco sem vida , onde as mãos de um artista genial pousarão para me restaurar aos olhos humanos, tal qual uma vez, aconteceu d'eu ver/presenciar/sentir...

Sua arte está gravada em vídeos, matérias jornalísticas, livros, revistas e assim ficará para a posteridade, pois, no dia em que ele se tranportar para um novo jardim, além do que possamos imaginar, um jardim secreto onde todos almejamos um dia habitar, o que será de sua arte viva? Morrerá por falta de cuidados? Por falta de valores humanitários, estéticos, necessários para o bem estar? "A gente não quer só comida."

Espero que este dia não chegue tão cedo, mas quando assim o destino o quiser, que tenhamos um Tistú, um menino do dedo verde, que onde encoste sua "mão boa", nos presenteie com flores ao invés de canhões; com belas , renovadas ou mesmo "repaginadas" esculturas, no lugar de mais um depósito para lixões; no lugar de intermináveis plantações de congênitos; no lugar de uma deliberada escolha feita pelos representantes do povo (vereadores ou traficantes), de transformar o espaço em mais uma favela, para que os sem-teto possam construir seus barracos que um dia uma mera tempestade possa arrastar.

Vamos sonhar e concretizar com este exemplo de cidadania, talento, humildade e muita disciplina, que podemos deixar um mundo habitável para os nossos descendentes. Não é possível que continuemos tão cegos, à ponto de não perceber que aquele mero pedaço de papel que envolve a goma de mascar, não contribui para degradação do meio ambiente.
Vamos reciclar!!! É chato? É! Tudo é chato, incômodo, quando nos recusamos a sair do nosso mísero cotidiano, repetindo sempre os mesmos movimentos ao acordarmos e levantarmos da cama para escovar os dentes. Estamos com tão pouco tempo, que os cinco minutos que temos para fazer a diferença, separando papéis de plástico, latas de vidros e restos de comida, parecem ser parte de um penitência imerecida ou um sacrifício por uma conduta que não é nossa culpa. Este tipo de raciocínio egoísta, esta falta de disciplina, nos remete ao regime militar: obrigações intermináveis aliadas a dor. Mas se todos nós retirássemos o ranço histórico de torturas e barbaridades cometidas contra a liberdade de expressão que advém dos poucos anos que saímos de uma ditadura, poderíamos compreender que a vida, assim como a natureza e as estações, têm suas regras de sobrevivência: a época de preparar o solo, de semear, de esperar, de colher, de armazenar para os tempos difíceis que poderão surgir , assim como as perdas para que uma nova estação possa se formar. O nome disso também é trabalho, esforço, sacrifício, dor. PIONEIRISMO. REINVENÇÃO.

Temos a desculpa do dia intenso, trabalhoso, cheio de pessoas grosseiras, tráfego lento, violência... mas temos dentro de nós a capacidade de mudar nossos pensamentos, nossos lixos, o nosso egoísmo, sempre querendo tudo para nós mesmos, sem querer compartilhar nada com o próximo, além da nossa vaidade, do nosso individualismo enlatado, da nossa aparência moderna. Tentamos fingir de conta que os únicos responsáveis pela coleta de lixo são os garis, entidades sem face, vultos sem identidade, que passeiam pelas ruas imundas (ainda assim sorridentes), coletando um lixo que não teria a menor necessidade de ser coletado, se tivéssemos um pouco de consciência e da dita educação burguesa que nos avisa interminavelmente sobre o caos que o planeta está vivendo com o aquecimento global.. Mas preferimos ficar horas diante da tela da tv, do computador, diante do espelho, do que gastarmos um minuto de doação às próximas gerações."É vergonhoso, nojento"; "é coisa de pobre, de empregada, de faxineira"; "é obrigação de quem recebe pra fazer isto"; "é a salvação dos seres à margem da sociedade, sem oportunidades de um trabalho digno"... Pode ser, mas temos por dever, por respeito ao meio-ambiente, por ética, por educação, por cidadania que só aparecem nas propagandas eleitorais, em datas históricas ou em anos de Copa e eleição, de ajudá-los nesta função para que ela não se torne um fardo mais pesado do que já é.

Pois é, as esculturas extravasaram em mim, o grito que elas não conseguem fazer ecoar, por não poderem usar palavras... mas basta estar perto delas, para entender a mensagem.

Obrigada Nêgo, por existir alguém como você. Obrigada meu Deus, por eu ter o privilégio de estar perto deste santuário verde e por ter tido a oportunidade de conhecê-lo. Que os nossos filhos, netos, bisnetos, também possam ter esta oportunidade de sentir o cheiro da terra. Amém.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O SEGREDO

Subindo Escada de Jacó
Degrau em grau...
De Fé em Fé no
Arquiteto Supremo e Eterno.

Tendo Esperança, Caridade,
Simplicidade de ser o que é
Igual, Livre e Fraterno.

Seguindo Fiel ao Ritual
Estreitando laços...
Nós, firmes, de braços dados...
Crescendo fortes, calados...
Dentro do Esquadro e do Compasso

Com alegria entre a Força,
Beleza, Sabedoria da Vida
Desbastando Pedra Bruta
Virando Pedra Polida
Até chegar na Pureza, Luz e Verdade

O Segredo da Serenidade, Temperança,
Justiça, Coragem,
Prudência prá tornar feliz a humanidade

Com Trabalho, Ciência, Virtude
e a Honra de ser mais um Eleito
Que se livra de Vícios, Preconceitos
Pelo Amor a si, ao próximo e a Romã

Até ficar tudo Justo e Perfeito
Construindo a tempo
cada um o seu precioso Templo
No lado esquerdo do peito
Até o topo da Escada de Jacó


Em homenagem ao Past Grão M.'.Adj.'. Lyrio Bravim que passou para o Oriente Eterno nesta data.

Humana demais


Já há algum tempo fiquei sabendo que você pergunta por mim
Seria uma curiosidade mórbida, já que você decidiu matar o que sentia?
Sempre que alguém me conta sobre sua preocupação, fico tentando entender o que há por detrás de perguntas feitas sob encomenda e da necessidade de atualização dos fatos acerca de mim.

Justo você, que disse que era preciso optar por algo mais... "edificante!" Foi essa a palavra que você usou. Evolução espiritual, você completou. Covardia, repliquei. Tudo o que você queria era encontrar as palavras certas que definissem seu medo de arriscar, de jogar para o alto a relação infrutífera, porém conveniente que tinha com outro alguém. Até hoje me pergunto se foi por puro descuido ou maldade que o destino nos fez apaixonados. Sim, apaixonados! De que outro modo se poderia explicar a sintonia exata que tínhamos? Vibrávamos na mesma frequencia, íamos além dos cinco sentidos e quase sempre transbordávamos em palavras.

Confesso que achei que você não conseguiria. Duvidei da sua aparente convicção e da sua teoria extremista sobre certo e errado. Apostei na necessidade que tínhamos um do outro. Errada estava eu. Com minha paixão, meu amor entusiasmado, minha pele que insistia em atrair a tua, minhas canções e poesias, sim, minha maldita mania de ver poesia em tudo. Mas de que servem os olhos de um poeta se não para vislumbrar a própria história e enredá-la numa teia belíssima?

Demorei algum tempo para entender a crueza das palavras que ouvi e hoje tenho certeza de que foram apenas ditas por dizer, como quem tenta a duras penas justificar o injustificável. Carnal, você resumiu, reduzindo à carne uma linguagem de almas. E ainda me impôs toda a culpa por sua dificuldade de renúncia. Como um anjo caído, com minhas longas asas, deitei às portas do céu esperando por uma ajuda que tardaria chegar.

Você segue sua estrada cheia de curvas rumo à perfeição. Para quem vive de aparências, está bastante convincente. Disseram-me que seu discurso é impecável e sua conduta, invejável. Mas já que ainda perguntas por mim, digo-te de antemão que continuo meu caminho, sempre na contramão e embora às vezes pare para descansar no meio-fio, sempre encontro forças para levantar e seguir, pois nos ombros só carrego o peso das memórias que quero guardar.

Bem no fundo eu sei o que te inquieta. Eu te leio nas entrelinhas, eu te vejo onde você não está, eu te ouço quando você silencia, eu te sinto quando ninguém mais é capaz. Não me interessam as meias verdades, nem o que vão pensar os outros. Não me encantam as aparências, pois o que enxergo está além. Por isso te desnorteiam meus passos tortos. Pena, você diria. Seria capaz até de me estender a mão, tamanha sua misericórdia. Mas não, não se dê ao trabalho de rezar por mim, guarde esta prece para si e lembre-se de fazê-la antes de deitar, para que enfim seus demônios te deixem dormir.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Manual do Consolo ao Desconsolado

Ignorar o sentimento alheio é uma forma egoísta de ser infeliz. Porque até pra ser infeliz precisamos de companhia. Nem que seja de uma música ou do livro de poemas do seu autor favorito. Todos esses são catalisadores do sentimento, da dor que se sente sozinho, mas que no fundo é uma dor que quer se expandir, que precisa de companhia. Quem conta com um amigo-catalisador sofre menos; é aquele tipo de amigo que tem a coragem de te dizer não somente o que você quer ouvir, mas que embrulha umas verdades em palavras doces (pra que você não cometa suicídio depois ‘daquela’ conversa) e te entrega de forma bem gentil, para não machucar ainda mais seu ego violado.

E é preciso muito cuidado porque tudo e qualquer detalhe pode explodir a bomba sentimental mais audaciosa que qualquer plano Iraniano. Eu, você e todos os seres do Universo passamos por pelo menos um momento extremamente romântico na vida, e me refiro ao romantismo-movimento, way of life, e não a dimensão emo que o termo tomou atualmente. Todos passaram ou passaremos por um momento de sofredores universais. Pode ser depois daquele fora épico ou mesmo antes daquela decisão que tem o poder de mudar sua história, sempre chega um momento em que nos julgamos dignos de um consolo, de um par para nossa tristeza, um canto pra recostar nossa solidão de sermos nós mesmos.

Para zelar do sentimento alheio é necessária, antes de tudo, uma auto-análise, porque todo sofredor está com seu lado racional muito lúcido (embora esteja coberto por um véu de sentimentalismo de espessura variável). Experimente contar suas experiências na vã esperança de ajudar o chorão... Não vai ajudar e ele ainda vai encontrar várias falhas no seu comportamento; nem caia na esparrela do ‘dois pesos e duas medidas’ ou do ‘faça o que eu digo e não faça o que eu faço’ que você corre grandes riscos de ser completamente ignorado ou se a carente da vez for uma mulher na TPM, você vai levar um soco muito merecido. Para ajudar tem que sofrer junto, e tenho dito. Tem que se juntar àquela dor miserável que parece indestrutível e de certa forma, tirar um pedacinho desse peso pra você. É disso que se trata amizade.

Se você é tagarela, encha vários copos d’água e deixe a vítima falar. Se o pobre coitado está tão estupefato que não consegue articular palavras ou mesmo formar frases inteligíveis, tenha paciência, tente a mímica, desenho ou mesmo o silêncio. Olhe nos olhos, abrace e fique quieto. Às vezes a dor precisa de tempo para aparecer de fato. Pra cuidar do outro é imprescindível paciência. Aos montes. Porque existe a grande chance desse ser descontar toda sua angústia em você. Então recomendo novamente a técnica do copo d’água, mas dessa vez pra te impedir de dizer coisas que você não diria. Se for ofendido muito gravemente, se retire e espere, ele vai ligar pra se desculpar. O desgosto meche com a percepção das pessoas, lembre-se disso.
Não seja egoísta. Seu momento de ser consolado também vai chegar... Então não conte, em nenhuma hipótese, o quanto seu casamento vai bem ou a última promoção que o fulano amigo de vocês recebeu semana passada. Esse é um momento infeliz, mas não precisa ser miserável e incurável. Não piore as coisas.

Dizem por aí que assim como os momentos gloriosos, esse também vai passar. Use o tempo livre pra planejar tudo que vai fazer com seu amigo assim que ele voltar a viver. E deposite sua confiança nele... De forma discreta, mas consistente. Rezar também ajuda. A partir do momento em que você conseguir se eximir de você mesmo, sentir a dor do outro e quiser curá-la,aí sim,poderá dizer que viveu a graça da amizade definitivamente.

Verbalize esse sentimento ao seu amigo. Sorria e se conforme porque já já mais um infeliz aparecerá. Torça pra não ser você.

sábado, 22 de maio de 2010

XXI

O que é realmente importante?
Trocar ódio por ódio é dita a melhor barganha...
e hoje em dia, não há mesmo muita opção.
Sabe.. antes a muito tempo
falava-se em costumes, bom senso, tradições, honra e afins...
todas essas coisas que de certa forma odiávamos e que agora não existem...
mas isso não vem ao caso.
O fato é que não somos mais aquele tipo de ser humano
evoluímos, estamos mais "fashion", mais "fodas"
o mesmo lixo de sempre com uma dose a mais de orgulho
de peitinho estufado, sentados em nossa grande bolota de pedra
e aliás, também não está como antes, fizemos algumas.. modificações
afinal, isso é modernidade.. tudo mais elegante, sempre
alguns efeitos de fumaça... não não, bem mais... muitos.. isso, mais um pouco...
e vamos dar uma cor à essa agua sem graça, talvez preto.. seria fantástico
mas ainda podemos variar um pouquinho
vamos colocar aqui aquela cor especifica... aquela de merda recém expelida
vai ficar maravilhoso
E claro.. algumas Luzes! Fogos de artificio!
Não! Espere! precisa ser maior , bem maior... você por acaso ainda tem aquelas bombas ai?
Pronto! Não está ficando muito melhor?
mas ainda tem uma coisa...
não gosto desse verde todo, nunca gostei, vamos refazer.
Bem.. coloque uma cor mais sóbria... cinza talvez...
agora sim vai ficar perfeito.
(...)
Sabe.. pouco entendemos ainda de nós mesmos...
E se não sabemos ignorar, simplesmente balançamos a cabeça:
"foda-se".

O homem, a mulher, e o terapeuta

O casal entra na sala do terapeuta. O terapeuta, de óculos e cabelos lambidos por alguma química viscosa, exalando um perfume de aroma cítrico, sentado em sua poltrona confortável:
-Bom dia, casal. Entrem, sintam-se à vontade, mas não a ponto de recriminarem meu Adão e Eva de Botero.
-Meu o que? – Riu-se a mulher de cabelos loiros, pele branca feito giz, nariz levemente arrebitado e irritado por alguma espécie de alergia, a ácaros, talvez. Tinha a expressão descarregada, como se há pouco tivesse derramado um rio São Francisco de lágrimas. Sentou-se numa da três poltronas disponíveis defronte o terapeuta.
-Está vendo aquelas duas bundas maravilhosas penduradas na parede atrás de mim?
-Sim.
O homem, esbanjando uma careca brilhosa, pele negra feito um caroço de feijão, boa postura, aparência atlética; talvez dominasse alguma modalidade de luta oriental, ou fosse adepto à musculação. Tinha as pestanas pesadas, o globo ocular pouco móvel, porém atento, o que fazia dele um homem perspicaz. A expressão contrastava um pouco com a da mulher; não era nesse lugar que queria estar. Já acomodado à poltrona ao lado da esposa, esboçou um riso ao alçar seu olhar para quadro.
-Acharam graça das bundas?
-Achei graça na situação... Adão e Eva, gordos! Não achou, amor? – Entusiasmou-se a mulher.
-É interessante.
O terapeuta, que por falta de educação ainda não vos apresentei, Pierre (pigarreando bem nos “rr”), se levanta calmamente de seu assento, e dirige-se a passos macios até o quadro, colocando-se diante daquelas figuras gigantescas que decoravam seu aposento. De costas para o casal, ele proclama, sempre arranhando um leve sotaque de sua querida Sarkoland:
-Há muito mais detalhes a se observar em uma pintura como esta do que a gordura bem delineada de dois seres bíblicos. Botero foi genial... Ele deforma a figura, ou seja, ele modifica a forma padronizada, mas... E o que há por trás dos simples traços corpóreos?
-Você quer dizer a alma, seria isso? – Interessou-se a mulher, mesmo que desentendida de tudo.
-Rien de rien! Não! – Respondeu, de imediato - Certa vez perguntaram a Botero se os personagens por ele pintados tinham almas leves, e ele respondeu: “elas nunca quiseram ter almas”.
A mulher fez que refletiu. O homem nem isso. Estava enfastiado daquele colóquio. Pierre se virou para eles:
-Podemos afirmar que existe alma? “Não contamos nem com um só apoio onde firmar o pé para chegar ao vago conhecimento do que nos faz viver e do que nos faz pensar”. Grande Voltaire. – Concluiu, elevando o olhar para o teto, como quem venera a um deus.
-Desculpe, mas... Estamos mesmo em uma terapia para casais? – Inquieta-se o homem.
-Bien sûr! Estamos!
Pierre se aproxima dos dois, olha-os com minúcia, e sorri, satisfeito:
-Prazer, eu me chamo Pierre Valentine, e eu adoro atender casal café com leite!
-Você quer dizer... Um jovem casal, é isso?
-Não, preto com branco mesmo. A propósito, aceitam uma bebida?
O casal se entreolha, desconcertado.
-Está bem, esqueçam a bebida, nenhum doping será necessário, pois vocês me dirão a verdade, nada além da verdade.
Pierre volta a se sentar.
-Levantem suas mãozinhas direitas.
-Como?
-Mão direita, por favor.
O homem, ainda que contrariado, acompanha a mulher no ato solicitado.
-Prontinho. Agora, eu quero que você, querida, qual é o seu nome?
-Flávia.
-Flavinha, perdoe a intimidade, quero que repita: Juro pelo meu fitness dizer a sacra verdade, sob qualquer circunstância.
Flávia repetiu.
-Caso contrário, minha bunda acumulará tantas celulites boterianas que será comparada ao asfalto da Avenida Brasil.
Flávia sorriu, e cumpriu o combinado.
-Me desculpe, mas o que significa isso? Estamos num tribunal? – Reclama o homem.
-Qual é a sua graça?
-Não estou achando graça de nada. – Responde, impaciente.
-Eu perguntei como se chama, chéri – Disse o francês, a um leve tom de escárnio.
-Eu? – Apontando o dedo para si – Bráulio.
-Hum, que nome sugestivo. Bráulio, Bráulio, Bráulio, Bráulio... Agora não consigo tirar o Bráulio da boca. Oui, preciso me abanar.
Pierre apanha um leque espanhol sobre a escrivaninha, ao lado de sua poltrona, e executa rápidos movimentos. Em seguida, ele o fecha e repõe sobre o móvel.
-Pardon, casal. Bráulio, porque se incomoda em jurar?
-Simplesmente porque não acho que seja necessário.
-Vocês dois me procuraram a fim de que eu os ajudasse, correto?
-Claro – Adianta-se a mulher.
-Pois então, meus amores, eu sei o que é e o que não é necessário. Bráulio, jure pelo o que você mais ama que não dirá nenhuma mentira na minha presença.
Bráulio relutou. Flávia cutucou seu braço direito, e ele disse:
-Está bem... Mas antes, posso fazer uma pergunta?
-Diga, chéri.
-Por que três poltronas? Você não atende a casais?
-A poligamia é mais comum do que pensas, meu “carro”. Acredite. Além disso, quando penso ser necessário para a vitalidade do casal, eu proponho aqui mesmo um ménage a trois terapêutico, ou seja, um sexo a três verbalizado sob a vigilância de um terapeuta, ou seja de novo, eu.
-Você não poderia ser a terceira pessoa?
-Não, eu sou voyeur do sexo verbalizado.
Pausa para assimilação.
-Hora do juramento, Bráulio.
-Eu juro pelo Flamengo, pronto. Juro não mentir. Ta bom assim?
-O Flamengo é o que você mais ama, começamos bien. – Disse, irônico.
-Ah, você torce pro Vasco! – Deduziu Bráulio, a uma risada.
-A única coisa que eu torço... Oh, não queira imaginar, chéri. Odeio futebol. Se o Flamengo é a coisa que mais ama, sente pela tua família um amor secundário? Terciário?
Flávia olha para o marido, interessada na explicação dele.
-Não, você não entendeu... Eu apenas não quis colocá-los em risco. Jurar é coisa séria.
-Isso significa que já jurou cogitando mentir? – Imprensou Pierre.
-Se eu mentisse, o que aconteceria?
-Aqui, agora? Nada. Eu poderia levantar, no mínimo, suspeitas em relação ao seu comportamento.
-Como por exemplo...?
-Bem, se você mente aqui, na minha presença e na presença da tua mulher, o que te impediria de mentir para ela em outra situação? Você trabalha com o que?
-Eu sou professor de Português.
-Oui, professor de Português. No fim de mais uma exaustiva aula de orações coordenadas, subordinadas, de objetos diretos, indiretos, curvos...
-Curvos não existem.
-Existem... As cinturas à vista, das meninas de quinze anos, com suas calças saint-tropez, aqueles umbiguinhos salientes à mostra... Aquelas cinturas são curvilíneas como as estradas do demônio. Objetos curvos! Existem ou não existem?
-Eu não costumo notar esses objetos.
-Não vale mentir, Bráulio! – Repreende a mulher.
-Eu não estou mentindo, Flávia. Agora vem você também?
-Não existe homem que não repare em uma garota sensual!
-Eu sou um professor, o meu dever é ensinar, e não assediar minhas alunas. Isso vai contra a minha ética. Vocês estão me ofendendo!
-Está bem, senhor Inocência! Apenas farei uma suposição, não vou afirmar nada. Não há porquê se vitimar tanto. Como eu ia dizendo, após sua aula, uma dessas garotas lascivas, dessas com rostinhos de quem engole de um tudo que jogarem em suas bocas, dessas com os hormônios borbulhando a flor da pele rósea e macia como veludo, se aproxima maliciosamente de sua mesa, se debruça a graus calculados sobre ela, permitindo que seus seios juvenis, vulneráveis, clamando por mãos habilidosas no palpar, por línguas hábeis no chupar seus mamilos excitados, fiquem ligeiramente à mostra... Oh, que sonho de mulher... Ela está ali, diante do professor, que por sua vez se vê invadido por toda ética que toma sua propriedade de ser, de existir como homem instinto, homem carnal. Até que, já não suportando mais resistir àquela tentação, o professor se entrega, agarrando a aluna com toda a voracidade contida pela ética, pelos valores morais... Ali não é um local apropriado. Seguem então para um motel, discreto. Então a sua mulher te liga, perguntando onde você está. E então, o que você responderia a ela?
-Uma situação dessas nunca aconteceu e nunca acontecerá. – Afirma o homem, convicto.
-Hipoteticamente! Não seja tolo, Bráulio. Faz parte da terapia. Ou estão desistindo antes de começar?
-O que me diria, Bráulio? – Insiste a mulher.
-Eu mentiria, claro! Que homem diria a verdade numa situação dessa!?
-Ah, por isso que eu sempre digo: homem é tudo igual! E você acaba de comprovar isso! – Exalta-se Flávia.
-Está generalizando para atenuar a sua culpa, a sua responsabilidade! – Acusa Pierre, apontando o dedo para o homem – Toda generalização é falsa.
-Falso é o homem que responde que diria a verdade para a mulher num caso como esse. – Sorri Bráulio, feliz com o argumento.
-Então como vou acreditar em você, Bráulio? Serei obrigada a comprar um rastreador agora?
-Ah, para com isso, Flávia... Eu não sou o seu carro, ok? Já discutimos sobre isso em casa.
-Você confessou que mentiria!
-Pelo menos fui sincero, não, doutor Pierre?
-Quoi! Acalmemos esses ânimos. A questão é: a confiança de vocês está abalada, por algum motivo. Se já discutiram sobre isso em casa, é sinal de que a insegurança está batendo na porta do casal.
-Na porta dela, né, doutor.
-A porta da minha casa é a porta da sua casa, Bráulio.
-Mas eu não me sinto inseguro em relação a você.
-Como não? No dia que eu sai com meu amigo gay você discutiu comigo! Se isso não for ciúme, me diga o que é.
-Eu, com ciúme de um viado?
-Chega! Basta! – Vociferou Pierre, erguendo-se de ímpeto da poltrona, ajeitando o topete endurecido que ameaçara, naquele instante, ter um fio desfiado.
-Agora entende o porque estamos aqui, doutor? Brigamos toda hora. Estamos sempre muito estressados. – Revela Flávia, ainda agitada.
-É, deu para notar... Mas vocês são tão novinhos ! Quanto tempo estão juntos?
-Juntos nós estamos há uns três anos... Mas, casados, há um ano.
-Um ano de casados?! Se com um ano de matrimônio vocês procuram um terapeuta para casais, com três vocês estarão à procura de advogados para acertarem o os detalhes do divórcio. Saint Marie!
Bráulio balança a cabeça, indignado, e reclama:
-Como pode dizer isso, doutor? Ficou louco? Está azarando a gente?
-O Bráulio está certo! Se viemos até aqui, é justamente porque não queremos que esse futuro se realize. – Completou a mulher.
-Nunca atendi um casal tão recente, tão cheirando a leite... No caso de vocês, café com leite... Quoi, vamos direto ao ponto: vocês trepam todos os dias, imagino.
-Como?!
-Como? Cabe a vocês me dizerem como, ora – Sorriu, revirando os olhos - Eu conheço posições interessantes, e inéditas. É, eu gosto de inventar coisas, desde criança. Minha mente é mais fértil que o útero da Madalena Carnaúba, que gerou 32 pirralhos.
Flávia e Bráulio se relanceiam, risonhos e aturdidos com a linha de raciocínio desvairada de Pierre.
-Oui, sei que não acreditam, mas é verdade. Logicamente que esse casal não tinha televisão em casa. Nem livros, eu imagino. Nem fogão, eles não deviam comer, eles deviam se comer, quoi... A parteira devia fazer plantão todos os dias na casa dessa mulher... Quoi, vamos abstrair essa informação desagradável, não queiram ter 32 filhos, é o conselho que dou em letras maiúsculas. Tenham dois filhos, não dá um time de futebol, mas já forma uma dupla para o tênis de mesa.
Fez-se um silêncio; aquele silêncio fátuo, que roga para ser quebrado, como uma caneca avoenga, enclausurada em uma cristaleira, sem mais préstimo, a não ser o decorativo; silêncio cortado mesmo por uma frase esdrúxula, ou uma anedota que valha um minuto do dia.
O olhar do casal repousava sua atenção sobre o terapeuta perdido em suas idéias profundas e rasas ao mesmo tempo.
-Bem, se caso nasçam defeituosos, pás mal! Existem as Para-Olimpíadas, nada está perdido.
O casal, espantando, se entreolhava.
-Quanto às posições, se vocês quiserem, posso contar uma das minhas invenções sexuais... A minha agenda da Hello Kitty é o Kama Sutra do século 21, chéri.
-Não, não – Responderam os dois, em coro – Obrigado.
-Nós sabemos fazer sexo, doutor. Inclusive, fazemos todos os dias, como você disse imaginar. – Acrescenta o homem, orgulhoso.
-E como vocês fazem?
-Você diz em relação às posições?
-Sim, também. Qual a posição mais freqüente?
Flávia olha para o marido, com o cenho dobrado. Sua mudez eloqüente representava uma dúvida; devia ou não revelar aquele dado?
Bráulio não consente.
-Estão esperando o que para me contarem?
-Não vamos lhe dizer isso. É uma invasão de privacidade.
-Invasão é o que vocês fizeram. Entraram na minha sala, sentaram-se nas minhas poltronas de estofado alemão, e ainda riram do meu Botero.
-Não me leve a mal, mas nós pagamos por isso! – Altera-se Bráulio.
-Calma, amor...
-Pagaram para que? Para entrarem na minha sala, sentarem nas minhas poltronas e rirem do meu Botero? Pagaram para isso? Tem certeza que não pagaram para nada mais além... Disso?
Inclinaram as cabeças; o casal havia entendido o recado.
-Fazemos o... O chamado “papai e mamãe”. Pronto, falei. – Confessa Flávia, um pouco tímida.
-Que arcaísmo. Os neandertais faziam papai e mamãe. E não há revezamento no “quem fica por cima”?
O casal troca olhares, confusos.
-Não, eu sempre fico por cima.– Se apressa em dizer o homem.
-É, ele fica por cima. – Confirma ela, temendo ferir narcisicamente a imagem do noivo.
-E qual a velocidade do créu (“crerréu”, com a pitada do sotaque) que você faz, Bráulio?
-O que?!
-Nunca ouviu o créu? Até eu, um sujeito de ouvidos castos, que só ouve Bach, Madredeus, Mozart e Chico Buarque, tive a infelicidade de cruzar com um maldito alto-falante tocando esta... Não tenho palavras para definir esse amontoado de poucas palavras. Nesse dia pensei em me matar, engasgar-me com o meu patuá, morrer sufocado, foi terrible.
-Ah, você tem um patuá?
-Claro.
Pierre puxa o seu amuleto que estava sob a camisa e deixa à mostra.
O casal se espanta ao se deparar com tal amuleto.
-Isso é um... Pênis?
-Sim, um pênis. Um pênis chinês. Isso explica o tamanho, aliás. Dizem que traz bens numerosos para sua vida, pois o chinês é tão reprodutor quanto um barato.
-Barato?
-Barato, o marido da barata. Chéri, eu trato de casais, e casal unissex para mim é homossexual. Então, prefiro empregar meus gêneros. Agora diga, Bráulio, qual a velocidade?
-Eu não sei direito, não sei como dizer ao certo...
-Pois então, reproduza.
-Como assim, reproduzir, você quer que...
-Exatamente, amore. Levante-se e simule os movimentos que você faz com sua noiva.
-Isso já é demais, eu não vou fazer isso, Flávia, eu não vou fazer!
-Amor, você não quer salvar a nossa relação? Vai, siga o que ele manda, ele sabe o que está fazendo.
-Tenho lá minhas dúvidas...
Bráulio hesitou, olhou para um lado, para o outro, para o Botero, suspirou, e, finalmente, se levantou da poltrona.
De pé, diante de Pierre, Bráulio pergunta quando começar.
-Quando quiser, chéri. – Responde o terapeuta, a um riso mole, desmunhecando.
Encabulado, Bráulio iniciou, lentamente.
-Ele começa assim mesmo. – Diz Flávia, animada com a apresentação do esposo.
-Oh-la-lá...
Bráulio aumenta a velocidade dos movimentos.
-É assim! Assim até o final agora! – Ele diz, com a voz reverberada, devido os movimentos velozes que fazia com o corpo.
-Está bom, bom! Pode parar! – Ordena Pierre.
Bráulio cessa os movimentos, e se senta, sob carícias de Flávia.
-Velocidade quatro. – Decreta o terapeuta.
-Quatro? Pensei que fosse cinco, doutor!
-Não se sinta menos macho por isso. Todos os dias, e nessa velocidade, você vai acabar arrebentando o fígado de sua mulher mais cedo ou mais tarde. Além do mais, pelas minhas contas, a velocidade quatro equivale a cinqüenta e três penetrações por minuto.
-E o que isso tem a ver?
-Que, segundo a minha calculadora erótica mental, você goza em dois minutos e vinte segundos.
O casal se entreolha mais uma vez, abismados.
-Nossa, mas... Foi certeiro. – Atemoriza-se Flávia.
-Dois minutos e meio de sexo e duas horas e meia de ronco ao lado da parceira. Estou certo, Flávia?
-É, mais ou menos isso...
-Flávia, tem coisas que não precisam ser ditas... – Murmura Bráulio.
-Mas ele descobre tudo! Não adianta mentir! Além do mais, eu jurei pela minha boa forma, se esqueceu?
-A sua mulher está certa. Vocês realmente vivem mergulhados numa rotina estressante.
-Não, nós fazemos amor todo dia! – Salienta Flávia.
-Se vocês fazem todos os dias, e mal, por sinal, vocês estabelecem uma rotina. Uma rotina sexual. E no caso de vocês, uma rotina sexual egorgásmica.
-Ego o que, doutor?
-Egorgásmica. Uma das minhas invenções. Aliás, se por acaso vocês virem essa palavra numa daquelas revistas, Clube da calcinha, Nova ou Criativa, me comuniquem, pois irei exigir meus direitos autorais.
-Poderia dizer o significado desse belo neologismo, meu caro? – Se interessa Bráulio, cruzando os braços.
-Ego, pois vem da palavra egoísmo, e gásmico advém de orgasmo. Ou seja, um orgasmo egoísta. Só você desfruta o prazer desse ato sexual. E a sua parceira? Onde fica nessa história?
-Debaixo dele, naturalmente. – Diz ela, resignada.
-Mas você nunca reclamou, Flávia! – Se defende Bráulio.
-É que eu não gosto de comentar isso com você... Tenho vergonha. Mas, na verdade, eu gostaria que fosse diferente. Gostaria que durasse mais tempo.
-E você espera pra me dizer isso na frente desse... Desse terapeuta aí?
-Não gosto que se dirijam a mim com desdém, chéri. Esse terapeuta aqui, e não “aí”, se chama Pierre Valentine, o “carra”. E você, Bráulio? Que professor és? Um professor “aí”? Ou acolá? Nenhum dos dois, meu “carro”.
Pierre se levanta, e se dirige até Bráulio, que arregala os olhos, assustado com a postura impositiva do terapeuta, que por sua vez lhe aponta o dedo magricela e diz:
-Méthodique! Raseur!
-Traduza, por favor.
-Gramático chato tu és! Pleonasmo, todo gramático é chato!
Pierre leva as mãos às faces esquentadas:
-Ai, que terrible. Bráulio, você é um daqueles professores que expulsa o aluno de sala porque ele não soube acentuar o “é” do “café”, ou coisa “parrecida”. Imagino que as redações que você corrige retornam para as mãozinhas delicadas dos alunos completamente ensangüentadas!
-Ensangüentadas? Ei, o que quer dizer com isso, seu...?! – Bráulio ameaça se levantar, mas é contido por Flávia.
-Sangue, tinta vermelha! Para um aprendiz de redação, tinta vermelha é a morte de suas palavras! É o sangue que escorre pelos espaços, é o assassinato da sua criatividade! – Disse, enfatizando a última palavra.
-Doutor, vá com calma... – Pede Flávia, a um murmúrio.
-Não queira contestar o meu método didático, seu terapeuta maluco!
-Fou??! Não estou contestando, estou apontando para você o que você é. És o que és, meu “carro”! – Disse, apontando novamente o dedo para Bráulio – Abominas todo e qualquer tipo de criatividade, e por isso, na cama, com tua mulher, és um picolé de chuchu, egoísta, e sem criatividade! Papai e mamãe, papai e mamãe, Dieu! Modus vivendi sem surpresas! Flávia, como agüenta morar com este Liquid Paper em pessoa?
-Eu o amo, doutor! – Encara Flávia, desaprovando a maneira com que o terapeuta expunha as verdades.
-Amor? Amor por amor não basta, chéri! Precisa-se de outros fatores para que o amor sobreviva. No caso dele, por exemplo, imagino que tenha sido a sua cor de pele.
Bráulio salta da poltrona, enfurecido.
-Repita o que disse, seu filho da mãe.
-E do papi também. Apesar de eu ter tido muitos problemas com aquele homem que fecundou minha mãe, eu não posso esquecê-lo. – Diz, demonstrando tranqüilidade.
Bráulio agarra o colarinho de Pierre e exige que ele se explique.
-Bráulio, largue ele! Por favor, não crie confusão!
-Bráulio, se for para me agarrar, que seja por trás!
Bráulio empurra Pierre, que cai sentado em sua poltrona, abruptamente.
-Acha o que, hein? Que me casei com ela porque ela é branca azeda, é isso?
Flávia, que àquela altura também já estava de pé, olhou ofendida para o marido:
-Azeda, eu?
-Quantos de vocês não se casam com loirinhas que desfilam pelas praias da Zona Sul carioca? Historicamente, vocês negros são discriminados até pelas moscas. É natural que, inconscientemente, vocês procurem uma loirinha para elevarem a imagem de vocês.
-Abrirei ainda hoje um processo contra você! Isso não vai ficar assim, não mesmo! Vamos embora desse lugar, Flávia. Maldita hora que colocamos nossos pés aqui!
-A verdade é como a primeira vez, chéri. Dói.
-Que decepção, doutor Pierre. Esperava mais de você - Anuncia Flávia, desgostosa.
-E vou querer meu dinheiro de volta! – Esbraveja Bráulio, tomando a mão da esposa e a conduzindo até a saída. Eles saem, batendo a porta.
-Vão, seus ingratos!
Pierre cruza as pernas, abre a gaveta do móvel ao lado e apanha seu inseparável charuto francês.
Enquanto “degustava” daquele momento, sentindo a fragrância suave da fumaça expelida, Pierre se levanta e caminha até o seu Botero, retira o charuto da boca ressequida e diz, admirando tal obra de arte, esboçando um certo sorriso de satisfação:
-Há muito mais coisas por trás desses traços... Grande Botero... Como é bom saber que sempre há algo por trás dessas bundas.


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Cadê o sabiá?



Minha terra já não tem palmeiras
Aqui já não canta o sabiá
Aves a voar, gorjear, nem pensar
Sem, o seu habitat
Pedem socorro acolá.

Nossa rua, pó e cimento
Nossas várzeas, sem flores
Nosso céu, sempre cinzento
Nossa vida, com temores.

Vagando, sozinha, à noite
Prazeres não encontro eu cá
Minha terra já não tem palmeiras
Aqui já não canta o sabiá.


Minha terra ainda tem primores
Mas quase não os encontro cá
Rios, lagos, mares, flores
Palmeiras, jequitibás, quase não há.


Permita Deus que eu corra
Para salvar o quê ainda há
Que eu desfrute dos amores
Que eu encontrar por cá
Que eu aviste uma palmeira
Onde canta o sabiá.

30 coisas para as mulheres fazerem antes dos 30!!!

30 coisas para a femina fazer antes dos 30!!! Hello, quase, pós ou futuras balzaquianas!!! Weels, trinta, porque é um número cabalístico (brincs), mas pode ser antes dos 40, 50, 90, (GO, Hightlanders!) 130 etc.



















1. Morar sozinha. Por uma semana, um mês, um ano. É maravilhoso poder descobrir que tipo de moradia realmente te faz feliz, o que só vc teria na geladeira, que vc gosta de tomar banho ouvindo Sade, com velas perfumadas de vanilla.

















2. Deixar de ser pseudo-intelectual e exibir, até num bate-papo de boteco, frases-feitas usando Nietzsche ou leituras rasas tipo Monge executivo, Pastor empresário etc. Wells, i.e., ter idéias próprias, sem querer impressionar ninguém!
3. Ler, de verdade, algum épico – e não tá valendo a Ilíada da Ruth Rocha, okay? – e depois constatar que (quase) tudo que foi escrito depois veio de Homero, Virgílio, Dante, Milton, Camões e Cia.



















4. Em um dia de mau humor, bode ou auto-estima duvidosa, colocar sua melhor roupa, cabelo e maquiagem impecável, como se vc fosse encontrar O bofe da sua vida e ir comprar alguma coisa no mercado, só pra desfilar, por horas, com o carrinho. Creiam, é sexy e deixa qualquer uma de alto astral!















5. Ir pra uma have, forro no Pavilhão de São Cristóvão, Castelo das pedras, sei lá qualquer lugar não convencional pra vc. EVITE (repita cmg, NÃO!) aquelas boites “descoladas”, cheias de pessoas insuportavelmente metidas dentro das suas calças Diesel parceladas em 6 x. O lance é dançar, dançar e dançar como se vc fosse derreter todos os seus pneuzinhos e bordinhas de catupiry nessa noite!!!!




















6. Namorar nem que seja por três semanas um cara todo errado, porque ninguém merece ter passado pela vida e só ter conhecido bofes picolés de chuchu, que não falam palavrão, não te apertam os lugares estratégicos e nem te levam para lugares estranhos, mas muito excitantes.

 



















7. Namorar, nem que seja por três semanas, pelo menos um cara decente, que seria pai dos seus três filhos e descobrir que graças a Deus ele não é tão certinho assim.
















8. Lutar pelo emprego dos seus sonhos!

9. Deixar o emprego dos seus sonhos, pois vc descobriu que o q te faz mesmo feliz é seguir uma trupe mambembe de circo, vender biju na praia ou ser uma excelente mãe.



                                                          













10. Fazer alguma dança só para...

11. Um dia beber T O D A S, subir numa mesa de bar e surpreender a todos com seu ritmo quente!



12. Fazer canto, teatro, crochê, pátina, pole dancing só pra se divertir ou, sei lá, todo mundo necessita ter uma segunda profissão.


 


















13. Levar uma criança no parque, no circo, curtir o alto-astral e a leveza de ser criança e nunca, nem depois dos 30, assassinar a puella que mora dentro de vc.













14. Falar na lata do bofe dos sonhos que vc é a fim dele, sem medo de ser vulgar, atiradinha, sem neuras século XIX. Acreditem, tem mulher que sabe fazer isso: http://www.youtube.com/watch?v=d9UxwWgCO6c
Senti até saudades da dança da garrafa http://www.youtube.com/watch?v=gnCj-_k7TV0&feature=fvst , total anos 90.















15. Ter pelo menos uma amiga e poder segurar na mão dela e ver Sex and the City e Lipstick Jungle chorando. Ela vai entender.



16. Viajar só com as amigas pelo menos uma vez por ano!














17. Riscar do caderninho as “amigas” que só te criticam. Tudo bem, vc gasta muito, fala muito, compra livros e sapatos compulsivamente, mas quem é perfeito?


 













18. Parar de ligar para o ex (ex bofe qualquer coisa, marido, namorado, amiguinho ou até aquele mecânico fortão em quem vc dava umas beijocas de vez em quando). A dica é praticar o desapego e ficar ou não com o ex de vez. Nada de ganância, não façamos como aquelas mulheres horríveis que agarram três blusas iguais em liquidação de shopping e ficam rosnando pra vc...

 


















19. Experimentar sexo sem amor (nem vamos falar em safe sex, é muito óbvio, qualquer coisa, cf. site do Ministério da Saúde) e ver que vc pode transar incrivelmente com um sujeito que vc não quer ver até estar usando Corega Creme.


 
















20. Viver um grande amor. Se entregar inteiramente, sem pudores, com sinceridade e sem medo de ser ridícula.




















21. Soltar a Pequena Sereia que mora dentro de vc e cantar, ler e/ ou recitar pro seu amor. Anaïs Nin, Safo, Florbela, whatteva’. De preferência depois de degustar 350 gramas de bala halls até ficar com a voz da Jane Birkin em http://www.youtube.com/watch?v=sHiMDB19Dyc
















22. Sair sozinha, quando ninguém quer sair com você , só pra provar pra si mesma que é possível não depender de ninguém pra satisfazer pequenos caprichos pessoais.














23. Escolher uma trilha sonora pra sua vida e sempre se sentir livre o bastante para imaginar suas músicas preferidas ilustrando dos momentos mais simples até os inesquecíveis. Vida sem música é sobrevida.

 












24. Nunca esperar até a aposentadoria pra realizar seus sonhos. Quando a aposentadoria chegar, realizar sonhos maiores ainda!!!!!!!



25. Dizer a A B SO LU T A M E N T E todas as pessoas que vc adora, até ao moço gente-boa do cinema que capricha na manteiga da sua pipoca combo gg, o quanto vc as ama DE VERDADE. Ninguém nunca cansa de ouvir isso.













26. Se resguardar e não se sabotar. Sabe aquele estagiário do outro setor que te deu uns amassos na festa da empresa em que vc tomou sete caipy-frutas achando que eram sem álcool? Não, ele não te ama.











27. Não se enganar. Não!!! Aquilo que está aparecendo em cima do seu joelho não é gostosa em braile. É celulite mesmo. E você não gosta daquela saia horrível que seu chefe te deu de amigo (oi?)- oculto. Joga aquilo fora!









28. Se amar, se respeitar e ter prazer em ficar sozinha. Lendo, cozinhando, escrevendo, fiscalizando a natureza.












29. Ouvir críticas com maturidade, sabedoria e humildade, mas saber que tem gente que te critica simplesmente porque vc tem olhos lindos e/ou um bofscândalo.









30. Saber que antes dos 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 SEMPRE é tempo de buscar viver melhor, mais feliz, se realizar, fazer os outros um pouco felizes e também que, certas coisas, só vc mesma fará por vc.


Bjocas, até o próximo post!!!!!!