sábado, 27 de novembro de 2010

Carruagem negra

A carruagem negra me aguarda
Tão negra...

Faz frio esta noite,
mas estou suando
Minha cama está molhada, gelada

Escuto milhares de vozes
que me chamam, chamam
De onde elas vêm?

Não posso fugir,
tenho que ir...
...sinto vontade de ir

Eu aguardo a carruagem negra
Tão negra...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

II Prêmio Safo de Poesia (Concurso de Poesia)

Olá, amigos!

Venho aqui anunciar o II Prêmio Safo de Poesia - concurso de poesia válido para alunos e ex-alunos da Universidade Estácio de Sá.

O concurso será realizado no dia 02 de dezembro, a partir das 19:00 hs., no auditório da Estácio de Sá - Campus Nova Friburgo.

O participante deverá comparecer no dia do evento, e conquistará 10 horas de Atividades Extras, além de concorrer a prêmios como livros, dvds e cds.

Para participar, o poeta deverá enviar (até 3 poemas) para o seguinte e-mail:

poesia.concurso@yahoo.com.br

Vale ressaltar que o participante deverá enviá-lo com um pseudônimo, e também uma ficha de inscrição, contendo nome completo, matrícula, curso, período e telefone para contato.

Participem! Esta é a grande chance de mostrar o poeta que existe em você.

Obrigado,

Autores S/A.

Kiss n' Play!


“Yeah I miss...every time I'm with you
Every time that we kiss!”

Se existe uma experiência humana descolada da temporalidade e alheia a concreta ordem cronológica essa experiência é o beijo de Amor, apaixonado, porque não há primeiro beijo que perdure quando a segunda, ou terceira ou quadragésima boca é afinal de alguém que queremos mais do que tudo, mais do que todos, daí o exercício singular de trazer para os nossos lábios a novidade que julgávamos perdida.

A Touch of Class (ATC)
“I’m in heaven when you kiss me”
-

Por que ser adulto tem de implicar tantas perdas?


Um dos grandes mitos sobre os adultos é que eles beijam melhor do que uma criança, do que um adolescente. Pobre adulto que não beija com lábios de criança, de adolescente bobo de amor, absorto por memórias frescas que lhe fazem suspirar esquecido do caos, dos homens e mulheres apressados, entupidos de problema e de contratempos cheios de tensão mórbida. Um beijo de verdade, inteiro, é um ato indefinível, sem cronômetro, calendário, vagar no tempo. Um beijo inteiro não se completa, não começa, nem termina. Esse é o beijo de um menino bobo, que sorri sem decoro, ocioso sorrir entre um dever e outro da escola, entre o apagar leso de um cálculo sem lógica, feliz lembrança de um beijo em meio à tormenta das obrigações. Feliz do homem bobo que abandona seus papéis e contas, suas sobras de responsabilidade para sonhar com o beijo que já foi, dado e recebido, impressionante beijo apaixonado que sempre parece que não fora experimentado ainda, pois que o segundo sempre será o primeiro.     

Camillo Landoni










Esse post traz o beijo em suas variações linguísticas, substantivo, verbo, beijo à flor da pele, logo de cara nos títulos, e essa é a condição (com exceção de um único vídeo) para beijo e música estarem juntos, colados neste post, número 25.





Alma das almas, meu consolo amigo,
Seio celeste, sacrossanto abrigo,
Serena e constelada imensidade,
Entre os teus beijos de eteral carícia,
Sorrindo e soluçando de delícia, (...)"

Cruz e souza

 



Beijo entre mulheres causa tumulto no Rio

Mulheres participavam no último sábado (20) do bloco de Carnaval Mulheres de Chico

No último sábado (20), um beijo entre uma universitária de 18 anos e uma adolescente de 17 terminou em tumulto durante o desfile do bloco de Carnaval Mulheres de Chico, no Rio de Janeiro. (...)

fonte: http://dykerama.uol.com.br/











"Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso"

Fernando Anitelli



Hay besos que pronuncian por sí solos
la sentencia de amor condenatoria,
hay besos que se dan con la mirada
hay besos que se dan con la memoria.

Hay besos silenciosos, besos nobles
hay besos enigmáticos, sinceros
hay besos que se dan sólo las almas
hay besos por prohibidos, verdaderos.
-
Hay besos que calcinan y que hieren,
hay besos que arrebatan los sentidos,
hay besos misteriosos que han dejado
mil sueños errantes y perdidos.
-
Hay besos problemáticos que encierran
una clave que nadie ha descifrado,
hay besos que engendran la tragedia
cuantas rosas en broche han deshojado.


Hay besos perfumados, besos tibios
que palpitan en íntimos anhelos,
hay besos que en los labios dejan huellas
como un campo de sol entre dos hielos.

Hay besos que parecen azucenas
por sublimes, ingenuos y por puros,
hay besos traicioneros y cobardes,
hay besos maldecidos y perjuros.

Judas besa a Jesús y deja impresa
en su rostro de Dios, la felonía,
mientras la Magdalena con sus besos
fortifica piadosa su agonía.
-
Desde entonces en los besos palpita
el amor, la traición y los dolores,
en las bodas humanas se parecen
a la brisa que juega con las flores.


Hay besos que producen desvaríos
de amorosa pasión ardiente y loca,
tú los conoces bien son besos míos
inventados por mí, para tu boca.
-
Besos de llama que en rastro impreso
llevan los surcos de un amor vedado,
besos de tempestad, salvajes besos
que solo nuestros labios han probado.
-
¿Te acuerdas del primero...? Indefinible;
cubrió tu faz de cárdenos sonrojos
y en los espasmos de emoción terrible,
llenaron sé de lágrimas tus ojos.
-
¿Te acuerdas que una tarde en loco exceso
te vi celoso imaginando agravios,
te suspendí en mis brazos... vibró un beso,
y qué viste después...? Sangre en mis labios.
-
Yo te enseñe a besar: los besos fríos
son de impasible corazón de roca,
yo te enseñé a besar con besos míos
inventados por mí, para tu boca
-
Gabriela Mistral



"A vida fica muito mais fácil se a gente sabe onde estão os beijos de que precisamos"

 Mario Quintana





"Dizem que a gente tem o que precisa...


...Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."







=









Só sei do gosto  de quem amo apaixonadamente,  só sei dessa boca, dessas reentrâncias expostas às minhas, lembrança aquém daquela memória  fora do alcance das sensações físicas. O oposto daquelas lembranças sem luz, desossadas no fundo de um porão úmido onde brotam artrópodes cascudos e vegetação sinuosa e rasteira. O oposto do limbo é a sua boca, o resgate do que rasteja, a própria antítese de toda  caretice, de tudo  que é  chato, monótono,  desbotado. Sua boca vai ao sol, resgata do porão minha conservada salubridade, abre-me como é aberta uma garrafa de vinho caro, ou de safra antiga, a fim de degustá-lo no melhor momento. Sua boca é o melhor momento.  





XXV.







domingo, 21 de novembro de 2010

Baratas - Vivas

Tinha uma barata. Ela caiu de qualquer lugar, errando a aterrissagem, caindo de barriga pra cima no chão. Estava lá, ainda forte, vigorosa, cismada, batendo as muitas pernas que tinha, se mexendo de tudo quanto era forma pra poder se levantar e viver.

Era tão simples. Só pisar. Calcei o chinelo, olhei pra ela, levantei o pé e...

E não consegui pisar. Simplesmente, parei o pé no ar, meia altura, e o pé estagnou. Não consegui. Eu ali, com o pé parado, e me perguntando porquê. Eu sabia o porquê de matar ela, mas não entendi o porquê de algo em mim travar essa ação. Afastei o pé. Peguei uma vassoura e enxotei ela pra fora de casa.

Avisei meus familiares do acontecido, depois fui tentar dormir. Já era noite.

Quanto tentei, senti formigamentos. Como algo subindo e se arrastando pelos meus cotovelos, pernas, braços e costas. Levantei e acendi a luz. Tateei a roupa. Nada. Apaguei a luz e deitei novamente. E outra vez, a sensação de algo do tamanho daquela barata se movendo pela minha pele, por debaixo do meu pijama.

Acendi a luz novamente. Troquei de roupa, sacudi, virei e desvirei aquila porra. Não havia absolutamente nada na minha roupa. Olhei pra minha cama, desarrumada. Sacudi o lençol, desvirei o colchão, olhei pra todos os lados. Nada se moveu, nada caiu, nada, nada.

Convencido de aquilo era uma alucinação criada pela preocupação, ou qualquer outra coisa da minha imaginação, apaguei as luzes e fui deitar novamente. No começo, foi tranquilo. Nenhuma coceira, nenhum barulho, nenhum formigamento. Comecei a pensar em outras coisas e sono veio chegando. E conforme as imagens iam se tornando mais vívidas, eu ia desfiando minha rotina de pensamentos, planos, sonhos e divagações noturnas.

Foi quando lembrei da barata que deixei viva.

Senti ela se arrastar pela minha barriga. Levantei o lençol com o poder da minha mente e vi ela lá, parada.
O grito não veio.
O desespero paralisou tudo.

E de repente, ela se moveu... e eram duas, três, quatro... e senti um gosto amargo na boca. Ela estava na minha boca. Cuspi uma barata.
Aí o grito veio, tão claro quanto um raio:

- Porque vocês não me deixam em paz? Eu poupei vocês. Tive compaixão. Porque estão fazendo isso comigo?

E elas subiam. Senti elas no meu nariz, entrando, como um dedo que não é seu invadindo seu nariz... Uma pousou nos meus olhos. Soquei meus próprios olhos. E a escuridão se tornou vermelha sangue.

- Eu... tive... compaixão.

- Compaixão? Você teve medo. Nojo.

- Não era medo! Eu juro! Não senti nojo de vocês... por favor, eu não fiz nada.

- Você teve medo. Teve nojo.

- Pelo amor de deus, não era isso! - acabei gritando.

- Se não era, porque você está com medo agora?

Houve silêncio. E o escuridão vermelha sangue foi-se.

E não havia baratas. Havia apenas um cara, numa cama, com a consciência pesada, por ter poupado uma vida.

Minha sina é escrever

Minha sina é escrever
Escrevo para depois não ler
Não por não gostar de ler
Mas por já saber
O que vai acontecer

Mesmo assim continuo escrevendo
E para as outras pessoas passando
Não o que elas estejam esperando
Mas tudo o que de mim vai emanando
Enquanto minha sina vou seguindo

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Gente pesa*

assim. eu ainda não sei o enquanto.
quanto dura, quanto vende, quando dorme, se morre ou não.
e verde. dia de águas e escuros. transbordando ventres. partidos secretos.
febre, dor nas costas, náuseas. a cor das horas. vão das portas, o tropeço.
o atropelo. a pele, o peito. peças. engrenagem fluida. corpo ereto. ereção.
imagem e perfeição.
loteria, salva-vidas, tropa-de-choque. fome, fome, fome.
ou o que é anterior aos sentidos. antes dos olhos. antes mesmo da primeira fome, do primeiro gole, do golpe primeiro. do tiro certeiro. da rede, da roda, da enrrascada.
o dedo no gatilho.  o vício, o vício, o vício.
o que vem depois do corpo arqueado. o sangue travestido em leite. derramado.
o que vem depois da chuva.
o quando.
só. enquanto dure.


viver ou morrer
é o de menos*

*[Leve, Iara Rennó e Alice Ruiz]


... e só porque hoje é quarta e eu que ando tão perdida com os dias. sem saber  enquanto. 



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Eu?

Fui do céu ao inferno
A procura do meu eu interno
Por todos os cantos procurei
E no final nada achei

Nas nuvens eu andei
Nas chamas me queimei
Mas o que eu estava procurando
Continuei não encontrando

Quanto mais eu ia andando
Mais eu ia me desesperando
E quando, de procurar, desisti
Olhei para frente e me vi

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Melhor Mentira ou Nós Sempre Teremos Paris






Hoje eu me dei conta. Hoje eu senti sua falta.
Falta daquela ilicitude. Daquela insensatez, daquele no sense at all que só você fazia ter algum sentido....
Nunca uma verdade me fez tão bem quanto aquelas mentiras, que eu vi sendo construídas em cima de um deck de madeira, cercadas por um jardim.
Mentira também tem número, placa e CEP.
Hoje eu senti falta. Hoje eu me dei conta.
Que eu não fui uma bóia no dilúvio, mas uma ponte para você chegar ao outro lado. Mas para que lado eu te levei, para que lado eu poderia levar alguém, se nem eu mesma sei de que lado estou?
Eu sinto falta de só saber do meu presente e de ter você presente nele todos os dias, pois era só o que eu tinha: nem um passado juntos e menos ainda um futuro com você, só o presente, instantâneo, imóvel, ali todos os dias, me esperando para jantar e beber cada canto da Europa...
Eu me dei conta hoje que eu não me despedi, que eu não me despedacei.
Eu senti falta do meu luto e principalmente do seu luto, da sua fala, dos seus passos, seus descompassos... De todo clichê e de toda cafonice daquilo que poderia ter sido e não foi.
Sim, esse ano, minha Paris foi você.

domingo, 7 de novembro de 2010

As 10 melhores músicas pra pegar estrada com o bofe!!!

Dear autorizados, sorry pelo sumiço, mas estava/estou SOBRECARREGADA de trabalhos, aulas, pilhas de textos teóricos pra escrever... affff, estava com muita, super, master, blaster saudades de postar por aqui!




     Wells, falando em post, esse traz dois dos meus assuntos favoritos, hum , aliás, três: viagem, música e direção (bem, do verbo dirigir! ^^). Tem coisa melhor do que pegar uma estrada com A pessoa, dirigir sem rumo, ouvindo uma seleção de músicas perfeitas? Acho que os carros foram inventdos só para esses momentos... O perigo é a viagem ser tão empolgante a ponto de nos perderemos nas curvas...
Vamos direto pra listinha, porque estou ficando so sentimental...


Acelera e vem comigo!!!

10America - Ventura Highway!!!

         Pra começar a lista, uma música que é de-li-ci-o-sa pra dirigir ouvindo... Essa combina com o sol brando e brilhante de uma manhã de primavera, uma estrada infinita (sem pardais, please!!!) e o bofe fazendo carinho no seu pescoço e bagunçando a sua escova de 80 reaix!!!






9.  Tears for Fears - Essa música é tão escândalosamente "road song" que o clipe já começa com uma estrada (linda) e um carro descapotado com um ventinho delícia...
Dá uma clicada só e vê:

http://www.youtube.com/watch?v=zrPYdZ9-XZ4&feature=related

8Desculpe, não resisti, outra do (maravilhoso!!!!) Tears for Fears - Pale Shelter!  A letra não é romântica, mas o ritmo, o instrumental, nossa, sexy, misteriosa, tudoo!


 





7. Essa é legal pra ouvir sendo carona...Crowded House - Don't Dream It's Over. Se o bofe coloca no cd player, pode preparar o semblante de "me leva pra onde quiser".  É batata!







Wow!!!! Qual música eles estavam ouvindo?


    A versão com o Sixpence None the Richer (grupo de músicas mega-fofas, capazes de fazer um ciclope troll de três cabeças se derreter  t o d i n h o) também é linda!






Menção honrosaマッハ GO・GO・GO  -





Vai dizer que não ficou com vontade de pegar um Dodge Challenger (espetáculo!) e sair por aí?  かっこいいなー!!!!!!!!



6.  Sem mais delongas, a linda  Infinita  Highway  do Engenheiros...




"Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar"

Sorry, o vídeo é caseiro, mas foi a única versão em estúdio q achei no you tube.

5.  Ai, pessoas, existem músicas que nos fazem perder a linha, viajando, "sonhando acordado" (cliclê mode on, please!)? No Promisses, do Ice House é uma música de estrada terívelmente linda, de um filme pouco conhecido aqui, na realidade nem lançado por aqui, o Modern girls.

Adoro essa música!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

As meninas no filme Modern girls pegando uma estrada!


Nossa, o clipe já começa na estrada...
4.  Hum... Me liga do Paralamas. Vou nem falar nada, é só escutar e sentir...








3.  Fast Car- Tracy Chapman

Uma canção, assim, uaw!!!!! Dá vontade de acelerar e Ooooooooo....


2.2.  Sister Golden Hair- America



Uma das minhas músicas preferidas  e v e r  é uma perfeita Road song. Dá pra viajar só de ouvir. Folk é tudo!



2.1. Vamos fugir. - Gilberto Gil (minha músicaaaaaaaaaa)





"Vamos fugir!
Deste lugar, Baby!
Vamos fugir
Tô cansado de esperar que você me carregue..."



"Vamos fugir! Pr'outro lugar, Baby!
Vamos fugir, Pr'onde quer que você vá, que você me carregue...
(...)
Onde haja só meu corpo nú
Junto ao seu corpo nú..."








1. Essa tm um significado muito importante pra mim... Linda , Bowie arrasa, como sempre!!!


David Bowie - this is not America





E vcs, dears, gostaram de viajar comigo?
Quais são as suas preferidas pra ouvir na estrada?
Me contem!!!!
See ya on the highway!!!!!!
Kisses, kisses, xoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxo





sábado, 6 de novembro de 2010

Tua beleza

Tu eras linda,
tinhas a mais suave silhueta
Tu eras delicada,
pele rosada, aveludada
Tu eras singela,
sem dúvida a mais bela

Por que tudo teve que acabar assim?
Até hoje não consigo acreditar
Não posso encarar a realidade
Essa dura realidade, a saudade
Saudade de quando conheci você

Agora só me resta uma coisa a dizer:
- Vê se faz um regime!

Wonderwall

O café estava acabando. Chovia lá fora.
Era dia, uma manhã cinza. A mesma música estava tocando já tinha mais de horas.
Quase um ritual de escritor.

Se você não se importa, quero te pedir uma coisa.

Quero que você acompanhe o processo, acompanhe o passo-a-passo de como nasce um texto chato daqueles que nem eu consigo ler até o final. Um texto, que acidentalmente, vai se tornando obscuro ao invés de profundo, que vai se tornando sincero ao invés de interessante, que vai se mesclando comigo ao invés de parecer contigo.

Porque, além do café, da chuva, da manhã cinza e da música, quero que você me imagine. Ou imagine a si mesmo(a) sentado aqui, com a cabeça abaixada, os braços cruzados, o rosto encostado nos braços. E no fundo, no fundo, você tentando não prestar atenção em nada, só nos próprios pensamentos. Você imagina um campo, uma casa, um cenário. Uma lareira. Tenta buscar coisas quentes, mensagens positivas, cenas diferentes.

Levanta o rosto, olha pro papel em branco. "Não, não é isso", pensa. Toma outro gole do café que está esfriando, ergue os olhos, enfrenta o papel de novo.

Um "pra quê estou fazendo isso?" passa pela sua cabeça.

Você escreve três palavras:

Acho que encontrei.

"E agora, José?" é o que você diz pra si mesmo, lembrando dos versos tão famosos.

Aí você lembra pra quê está fazendo isso. E guarda segredo, acha que é errado, suspeita de ser um invejoso. Como um invejoso pode escrever sem sentir-se culpado?
E vem a culpa.
E você lembra: "Não, isso não é pra mim, isso não é por mim, não vou escrever só pra mim. Vou escrever algo que alguém queria ler".

E você, daqui, da sua cabeça, começa imaginar como o outro deve ser. "O que será que as pessoas estão fazendo?" lhe vem a cabeça.

O café acaba. Você abaixa a cabeça de novo. A música continua, parte do ambiente. Aliás, até você vira parte do ambiente, vira cenário. E o que se passa são as pessoas que você conhece: uma garota que gosta de escrever, um amigo que só joga poker e não tem paciência pra ler nada, um professor que procura algo que você não sabe, uma outra garota que tem olhos inconfundíveis, um outro amigo que só ouve funk e aquelas coisas que colocam pra ele ouvir, e aquele colega de trabalho que só fala de problemas, e vai indo....

Você cansa, então, de tentar pensar nas pessoas. Tenta não generalizar, mas vai se tornando complicado.

De novo, o papel. Ainda está lá escrito as suas palavras.

Acho que encontrei.

Bate uma vontade insuportável de apagar as três palavras. Não adianta, isso não vai sair daí. Eu não encontrei, essa é a verdade.

Você então procura mais café, o café já acabou faz tempo.
Você então lembra que tudo acaba.
Pra quê quero fazer isso, se tudo acaba?

Então você lembra de toda merda que parece ser eterna. Se tudo acaba, porque a violência continua? Porque o tédio continua? Porque essa esperança continua?
Nem a certeza de que tudo acaba você tem. Então, continua.
Parece a coisa mais heróica do mundo, mas não é. Não tem heroísmo algum. Na realidade, ainda é uma pessoa, num dia de chuva, ouvindo a mesma música, de braços cruzados e a cabeça encostada nos braços.

E você fecha os olhos.

Acho que encontrei
Te encontrei
Aqui


Mais três palavras. Dá vontade de envolver toda a situação, os olhos fechados, a revelação da sua necessidade de atenção, o seu futuro, e tudo que passou, tudo! Colocar tudo nos próximos versos.
Mas vai ser muita coisa, tanta coisa, que enquanto vai passando pela sua cabeça, você vai esquecendo.

E no final, você resume tudo:

Acho que encontrei

Te encontrei
Aqui.
Fique, por favor.


É, eu sei. Pra quem não acompanha o processo, os versos não fazem sentido.
Espero que pra você, eles façam.
Porque eu não aguento mais quando eles não fazem sentido.
E escrevo por isso, eu acho.

Aliás, saudações, Autores S/A =)

Minha flor, meu ninguém


Às vezes eu a via como se ela fosse uma flor, surdamente louca para desabrochar. A honra, para ela, talvez fosse uma pílula, que, ingerida diariamente, a livrava de uma doença da qual ela necessitava ser acometida para que adquirisse imunidade, resistência.



Seus atos pareciam não condizer com seu espírito. Por vezes, falhavam. E nesse vão, eu espreitava um olhar infante, aquele sedento por novas descobertas bastando um sorrateiro espiar através da fresta da porta.


Ela talvez não notasse. Eu não me importava com isso. Ansiava dela o odor de sua verdadeira essência. Dizem que os gambás utilizam seu mau cheiro como defesa.


Quem a devoraria? Quem lhe apontaria o cano de uma espingarda por ela simplesmente, ou não tão simples assim, ser o que de fato era?


Eu. Decerto seria o primeiro. Caçador que necessita alimentar seus interesses. Matar o outro para conseguir suportar o peso da própria vida.


O amor é a eterna caça: o jogo, o embate entre o caçador e o bicho. A razão e o instinto. A fome e o acuo. A mera distração e o ataque repentino. O receio e o pavor.


O caçador estará sempre munido de seus cartuchos, suas gaiolas, seus aprendizados de escoteiro, suas lâminas – aquelas que, ao refletirem um singular raio solar, cega o próprio caçador quanto a todas as trilhas que existem à sua volta O bicho, geralmente, é domesticado, é aprisionado, e se resigna em tal realidade; quando não morre sufocado pelo próprio medo.


O podar da planta é um dos atos mais cruéis contra a natureza. A natureza única daquela planta.


Eu não queria. Eu não queria ter que dividi-la com as abelhas, com os beija-flores. Eu não queria que ela, minha flor, desabrochasse.


Porém, lentamente, seu néctar represado me envenenava. Eu sentia o doloroso efeito colateral daquela química, o pharmakon da mulher. A química que aquela pílula continha. A pílula da honra.


Teu beijo inoculava uma saliva maldita em minha boca. O teu gozo me castrava. O teu olhar vazio ecoava minha covardia. O que me mataria mais depressa?


Abaixei a guarda. Fosse o que fosse.


Ela então me sorriu, e me disse:


-Já não sou mais sua. Agora, te amo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quinta Old Times - ed. 3



Boa-noite, leitores S/A

De volta com o nosso programa de flashbacks, já começo anunciando que a banda Old Times, da qual eu, Camillo Landoni, sou um dos vocalistas, será atração na festa de 30 anos do programa Musishow, da Rádio Nacional, agora mesmo no domingo, dia 07 de novembro. 

E pra marcar essa data importante,  um marco na carreira da banda, esse apresentador metido que vos fala já pôs no deck um pouquinho do clima de domingo. E será em dois blocos, o primeiro dedicado à Jovem Guarda, apresentando três músicas que podem estar (quem sabe) no nosso set list para o dia 07. E no segundo bloco  três grandes flashbacks do repertório da Old Times Band. 

É isso aí, senhoras e senhores,  ao tempo que passa, aos novos que se tornam velhos,  e aos  velhos  que se tornam atemporais. MúsicaaaaaaaaaaaaaaaaJá!



 


Um intervalo curto e na volta mais Old Times, dessa vez  dedicado à festa do programa Musishow:




  Ouvinternautas S/A! Os 30 anos do programa Musishow será uma grande festa, com os artistas convidados Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Bebeto, Golden Boys, Elizabeth, The Old Times Band e muitos outros:



Será domingo, 07 de novembro, a partir das 13h
Na CASA DA VILA DA FEIRA
Rua Haddock Lobo, 195 Tijuca
Próximo ao metrô Afonso Pena
Ingressos a 20,00

Agora no segundo bloco três flashbacks internacionais que integram o repertório da Old times Band, começando com REM, Losing my Religion. 








Mais um anúncio e Old Times terceira edição volta já:




No próximo bloco uma trinca muito especial pra fechar o programa de hoje com entusiasmo, só sonzeira pra vocês que acompanham o Old Times desde o primeiro programa, e pra vocês que acabaram de descobrir o primeiro rádio-post da internet, sejam bem-vindos! 

Com vocês, Old Times Band, depois na sequência Toto, e pra fechar Go go's com Heed Over Heels.










Um abraço, tchau!

Ainda não,
porque das profundezas do inesquecível vem aí mais uma: 

5UINTA-FEIRA 13
*o "flashback" do Punk, Metal, Hard Rock e Progressivo*  

Hoje com
The Runaways!





XXIV.