segunda-feira, 30 de maio de 2011

SemprePoeta

Condição na competição:
Eliminado.
Data de Nascimento:  
28/07/1964
Cidade:
Ipatinga, MG

Profissão:
Dona de casa
Partido Político:
Possui alguns partidos políticos.
Gosto literário:
Guimarães Rosa, Machado de Assis, José de Alencar, Vinicius de Moraes, Cora Coralina, Cecília Meireles.
O que significa vencer este concurso? Para SemprePoeta, o concurso é um desafio interessante. Gosta de desafios e poetar sobre temas propostos. Como profissional, acha importante a
crítica de autores de renome nacional, o que favorece seu crescimento como escritora. Ter visibilidade, ser lido, e ter o trabalho reconhecido e lido são uns dos objetivos deste poeta, neste concurso.
O que o tempo representa para SemprePoeta?
Para mim, o tempo é uma convenção dos homens. É uma invenção algoz e benevolente. A mão do tempo oferece e tira, desfaz e tece. Onipotente, é elo entre o antes e o depois. É ponte inexorável, entre a vida e a morte.

Poema n°1 (pré seleção): Poema Vivo

Um poema fica bem
na camiseta,
na ponta da estrela,
sobre a mesa de cabeceira,
no guardanapo de papel,
em qualquer bandeira,
e no balão acima do arranha-céu.
Até mesmo no cordão da feira,
no banco da igreja,
da praça e do Brasil.
Dobrado nas notas de mil
e da canção.

Um poema pode singrar
os mares dentro da garrafa.
Pode estar
no poste, no pranto,
no riso contente
e no sol-nascente.
Levado pelos ventos
pode ficar amassado na calçada,
na calcinha pertinho do prazer,
no pára-choque do caminhão,
no muro da escola, nos jornais
e impresso na sacola de pão,
já que poesia e pão
são alimentos vitais.

Um poema
so não pode ficar
dentro do livro fechado,
na estante
esquecido, esquecido...!

Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): Ressonâncias do tempo

O tempo...
Um trem...
Tempos de menino...
O trem que vem
Rasgando o cerrado,
Traz boas novas
Às cidades e vilas
Incrustadas nas serras de Minas.
Um trem...
O tempo...
O trem que passa
Traz o minério
E leva o aço.
Tempos de trabalho,
Progresso e mocidade...
O tempo...
Um trem...
O trem passa,
Traz o amor
Que o tempo leva.
O ir e vir encontram-se
Na estação e se entrelaçam
No coração dolente da maturidade. 
Trens não andam para trás.
Tempos não voltam jamais.
Seguem
Em trilhos paralelos,
Por túneis desconhecidos
Rumo ao porvir.
Um trem...
O tempo...
São fragmentos de lembranças...
Cochilando na varanda,
O velho senhor escutou
O assovio de uma criança
Parecido com o apito de um trem.
Muito distante,
Quase inaudível...
E voltou ao passado.
Reminiscências...
Ressonâncias de um tempo...
Um trem...
Uma saudade...
Foram-se as Marias,
Dos vagões e das carícias.
Fumaça agora, só das fábricas.
Nada incide em sua vida,
Além de contemplar os verdes montes
Que os edifícios ainda não cobriram.
Lembranças do velho senhor...
Bibelô na cadeira de balanço
Esquecido pelos da casa.
Reminiscências...
Ressonâncias de um tempo...
Um trem...
Uma saudade...

Poema n° 3 (Top 15 - Haicais): Primavera Dourada

O girassol traz
a cor, o vigor e faz
setembro florir.

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): INDIGNAÇÃO

Erguem-se os braços indignados!

O pichador traça seus descaminhos
nas paredes alheias.
O catador separa os dejetos
sem reciclar o hoje em amanhã promissor.

Só indignação não move a nação.

As turbas não sabem
de sua força transbordante,
como sabem as águas.
E moldam-se aos calabouços dos mandatários.

Os indignados acéfalos marcham a esmo!

O cidadão cumpre horário, leis
e pagam ônus tributários,
depositados em cofres íntimos
nas cuecas de malha.

A ferida de fígado bovino
da perna do mendigo cai,
quando corre atrás do menino
que lhe rouba a esmola.

A nação carece de ação.

As turbas não sabem
de seu poder de mobilização,
como sabem os vendavais.
E os mandatários erguem palácios.

A ciranda indignada dissipa-se de inanição!

O indignadinho acalenta
o único sonho na vitrine da padaria,
já que notebook e Playstation
não sobem o morro de sua casa.

As pedras que fuma
acertam em sua cabeça.
Os mandatários recolhem, fazem de escada
e ascendem ao plano mais alto.

Uma nação se edifica com indignação e ação.

As turbas não sabem
de sua capacidade de mutação,
como sabem as estações.
E os mandatários se perpetuam no poder.

Até esta indignada poesia!
Com os versos quebrados, prosaicos
e a lírica redundante,
ainda persiste no refrão:

Uma nação se edifica com indignação e ação!

Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): Sertanizar
Os ombros curvados pela tristeza.
O cotidiano enfadonho
parece nos sugar.
É hora de sertanizar!

Pelo Rio Doce
na canoa de tronco do jatobá,
de carro, ultraleve,
nas asas da seriema,
no divagar... Chega-se lá.
E colhemos o lastro.

Os caminhos dessas sertanias
são feitos pelo andar.
As gentes dão passagem, dão bom dia!
Voltamos às raízes, colhemos a cortesia.

Os raios de sol incandescem
o cerrado dessas Minas
e campos Gerais,
amorenam a tez e douram
as penas do canário da terra.
Colhemos as luminescências.

Florescem no matagal as orquídeas,
as sempre-vivas, os lírios...
Semeados pelos anus, sanhaços e bem-te-vis,
que se regozijam na cantoria
dos curiós, sabiás e colibris.
Colhemos o vicejar e a alegria.

Mangas, pitangas,
goiabas, jabuticabas maduras...
caem na palma da mão,
em profusão,
ao menear dos galhos.
Colhemos a seiva e o cerne.

As sertanias agrestes afugentam
nossos receios... Velam nosso sono.
A boca fria da noite
tem hálito de hortelã.
Tem uma estrela para cada pedido.
E colhemos o equilíbrio.

Cosmopolitas refeitos,
é hora de regressar!
Ficam as sertanias
sempiternas...

Cervan

Condição na competição:
Eliminado.
Data de nascimento:
10/11/1985
Cidade:
Piracaia, SP

Profissão:
Publicitário
Partido Político:
Não possui.
Gosto literário:
Patativa do Assaré, Paulo Leminski, Chacal, Marcelino Freire, José Paulo Paes, André Carneiro, Alice Ruiz, Cacaso, Ricardo Aleixo, Manoel de Barros, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Félix Contreras.
O que significa vencer este concurso?
Para Cervan, vencer o concurso trará visibilidade, o que lhe ajudará na publicação

de seu primeiro livro de poesias.
O que o tempo representa para Cervan?
O tempo é lince debaixo da casca da tartaruga.



Poema n°1 (pré seleção): tabuleiro

reis e rainhas administram
tudo do alto de suas torres
bispos engordam suas contas
doutrinando seus rebanhos de cavalos
em meio a isso
peões tomam xeque especial

Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): alas


ninguém morre de véspera reza o dito

no corredor do hospital
                                         de espera morre
                                                                     sem reza o velho dito

Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): anunciação


o bem-te-vi voa
esconde-se da chuva
ventos austrais

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): trava vida

um prato de tráfico para um preto triste
dois pratos de tiros para dois pretos tristes
três pratos de trapaça para três pretos tristes
quatro pratos de tirania para quatro pretos tristes
cinco pratos de traumas para cinco pretos tristes
seis pratos de tensão para seis pretos tristes
sete pratos de terror para sete pretos tristes
oito pratos de tortura para oito pretos tristes
nove pratos de truculência para nove pretos tristes
dez pratos de tristeza para dez pretos tristes


Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): poça
o silêncio da enxada
ecoa na imensidão

o pó vermelho (rubro sertanejo)
das grandes veredas
enche a cerca de arame árido que segrega
os que se lavam com a mágica chuva
do suor alheio

e os que chovem
encharcando
com os
olhos
a terra

Poema nº 6 (Top 9 - Poema baseado em imagem): turrão 
depois da mágoa
só resta esmurrar
a ponta da faca


Poema nº 7 (Top 7 - Poema em homenagem ao autor favorito): e-mail pro magistral
ainda menino achava que a poesia
era um troço chato
cheio de pompas, pieguices

um troço costurado
pelo famigerado vocábulo robusto prolixo previsível
(vide final de novela das oito)

não entedia nada
não sentia nada
achava tudo muito preso

tédio

você apareceu
e ai pude ficar à vontade

hoje estou tão à vontade
que uso bermuda larga
e também deito e rolo
na grama (á)
                       t
                               i
                                    c
                                          a
Poema nº 8 (Top 5 - Soneto): transparente
exercício contínuo da escrita
em catorze versos a palavra grita
insatisfeito, a mente se agita
minha amiga, a folha, não se excita

dificuldade surge a cada traço
escrevo, reescrevo no papel almaço
alimento-me do que está no espaço
concreto armado, medo e cansaço

construção paulatinamente cresce
esculpindo o que quero com esmero
e ao final, tudo à volta resplandece

repito os passos do mestre Geppetto
tento ser o mais puro e sincero
e digo que não sei fazer soneto

J.J.Wright

Condição na competição:
Eliminado.
Data de Nascimento:  
03/06/1989
Cidade:  

Riachão do Jacuípe, BA
Profissão:
Professor de Língua Portuguesa, Língua Espanhola e suas respectivas literaturas
Partido Político:
Não possui.
Gosto literário:  

Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminksi, Rimbaud, Antônio Brasileiro, Júlio Cortázar, Mayrant Gallo, H. James, C. Offutt.
O que significa vencer este concurso?

Para J.J.Wright, a vitória neste concurso significaria a oportunidade de ver seu trabalho sendo valorizado e apreciado por um grupo interessante de leitores e críticos.


O que o tempo representa para J. J. Wright?
O tempo é a gadanha da morte.

Poema n° 1 (pré seleção): Chamado

Em Tókio, um homem escreve um poema:

Fantasmas transitam na calçada da fama.
Todas as luzes se acendem em Paris.
O universo conspira contra os Vikings.
A mulher tem orgasmos múltiplos.
O disco voador pousa em Londres.
Três mariachis cantam em Florianópolis.
Crianças morrem no oriente médio.
O robô japonês salva a humanidade.
O presidente do Chile envia um SMS.
Duas mulheres se beijam em Chernobyl.
O vampiro ataca a mocinha indefesa.
Moisés divide o mar vermelho em dois.
Elvis canta Love me Tender no rádio AM.
O cowboy mata mil e oitocentos índios.
Romeiros escalam milhares de degraus.

Em Tókio, o poeta pára de escrever:
O mundo inteiro pára junto.

Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): Na antecâmara do sonho


O Tempo,
ah, o Tempo!
Uma sombra incrustada
de remorsos.

Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos passos,
a imensidão do ócio.

O Velho perpassa espelhos.
As luzes se apagam,
restam os destroços.

Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos passos,
a imensidão invisível.

O Velho e o Tempo:
o homem outro
e o instante nenhum.
(a memória e o medo:
                        imóveis)

Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos rastros,
a imensidão do silêncio.

Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): Satori

Na flor virginal,
um bando de rouxinóis
cochila tranquilo.

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): Imóbile
Tanto silêncio
e um homem a contemplar
os corpos.

Ah, tanto dinheiro
e uma menina mutilando
a noite.

Ah, tanto enigma
e uma cidade ensopada
de medo.

Tanto sigilo
e um rato a nos decifrar
no escuro.

Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): O Instante Despido

Viver de silêncios:
desvendar a caatinga destruída,
desbravar o curral vazio,
decifrar os esqueletos
na varanda.

Depois, morrer
contemplando  o carro de bois
abandonado.

Poema nº 6 (Top 9 - Poema baseado em imagem): Errata
Onde se lê gelo,
leia-se:
soda cáustica.

Onde se lê práxis,
inutilidade; unisex coliseo,
contra-senso.

E onde se lê (o) paradoxo,
leia-se:
o grande desastre.

Poema nº 7 (Top 7 - Poema em homenagem ao autor favorito): Último ato

“esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama”
Charles Bukowski

rostos petrificados
no porta-retrato

uma mulher
chama meu nome
não respondo

uma garrafa de uísque
e este enorme nada
ocupando toda a casa